Um dos grandes trunfos da ficção fantástica é pegar uma premissa fora da casinha e usá-la para uma investigação da moralidade humana em circunstâncias excepcionais. Nesse sentido, a história original de Death Note, primeiro um mangá escrito de 2003 a 2006 por Tsugumi Ohba e ilustrado por Takeshi Obata, depois adaptada como série animada em 37 episódios por Tetsuro Araki, tem um dos mais instigantes pontos de partida. O estudante de ensino médio Light encontra um caderno caído do céu, com instruções segundo as quais qualquer pessoa que tenha o nome escrito em suas páginas morrerá pouco tempo depois.
O caderno pertencia a Ryuk, um emissário sobrenatural da morte que passa a acompanhar os passos do jovem, observando o uso que ele fará do caderno.
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O material original se tornou cult ao investigar, em episódios instigantes mas cheios de tensão, as consequências das decisões de Light, que primeiramente usa caderno para escrever o nome de criminosos e, mais tarde, para encobrir seus rastros de uma investigação policial liderada por um jovem gênio recluso chamado "L".
A adaptação cinematográfica dirigida por Adam Wingard, que estreou no último dia 25 na Netflix, até segue um esqueleto de trama parecido com esse, mas, devido ao pouco tempo que tem para desenvolver até o limite a premissa, torna-se um resumo apressado e por vezes insosso do promissor material original. Light, um estudante com a inteligência de um gênio no original, aqui se torna um adolescente rebelde padrão, levado pelos acontecimentos como um tolo. A história está mais centrada em um romance do que nas consequências éticas. De bom, sobram a interpretação de Lakeith Stanfield para L e o trabalho de voz de Willem Defoe para Ryuk. E nada mais.