A exposição Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, que causou polêmica após ter sido cancelada em Porto Alegre no último domingo (10), por supostamente fazer apologia à pedofilia e zoofilia, pode reabrir em Belo Horizonte. O secretário de Cultura da capital mineira, Juca Ferreira, confirmou que foi procurado na manhã de terça-feira (12) por um gestor cultural da capital gaúcha próximo ao curador do evento, Gaudêncio Fidelis.
Na conversa, foi levantada a possibilidade de BH receber a exposição.
— Vejo com bons olhos, até por ter tradição de lutar contra qualquer tipo de censura e restrição, mas a conversa não avançou — afirmou Ferreira, que foi ministro da Cultura entre 2008 e 2010.
Cauteloso, o secretário diz ser necessário analisar os custos e a viabilidade para organizar um evento deste porte.
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A exposição tinha 270 trabalhos de 85 artistas que abordavam a temática LGBT, questões de gênero e de diversidade. Entre os artistas presentes, havia nomes como Alfredo Volpi, Cândido Portinari e Ligia Clark. A mostra foi viabilizada pela captação de R$ 800 mil por meio da Lei Rouanet.
Em nota, o Santander afirmou que cancelou a exposição porque entendeu que algumas obras "desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas". "Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão positiva, perde seu propósito maior, que é elevar a condição humana".
Crítica
Em publicação no Facebook na última segunda, Juca Ferreira escreveu que a interdição de obras de artes e outras formas de expressão baseada na opinião de "grupos moralistas" é inadmissível. Ele argumenta que é preciso repudiar a "escalada reacionária que ameaça a democracia e os direitos humanos".
Segundo o secretário, há uma tentativa de "calar artistas e amordaçar a arte, pois sabem que é por meio da cultura que as sociedades se defendem contra os ataques externos e contra as tentativas de romper sua soberania".