Circula nas redes sociais um meme que mostra a capa de um LP (vinil) do cantor Wilson Simonal, lançado em 1966, e que faz a seguinte afirmação: “Se você souber o nome desta coisa aí em cima do banquinho, você não pertence ao grupo de risco, você pertence ao grupo de alto risco”.
De fato, talvez só os mais velhos saibam o nome da “coisa”. Trata-se do boneco Mug, um personagem criado pelos produtores do programa de TV O Fino da Bossa, Horácio Berlinck Neto e João Evangelista Leão (in memorian), por brincadeira, e que se tornou uma febre — como se dizia para identificar uma mania temporária, que tomava conta do país. Divulgado por Simonal, Chico Buarque e outros cantores de sucesso como um amuleto que dava sorte, esse personagem foi confeccionado de todos os tamanhos e passou a ser visto em todo lugar: pendurado em espelhos retrovisores de automóveis, em chaveiros, em lojas de presente e brinquedos, ornamentando os quartos de adolescentes, e pastas de estudantes.
A contracapa do disco citado traz um texto assinado pelo tal Mug, que diz: “Eu e Simonal nos conhecemos há muito tempo. Aliás, a ideia de me tornar conhecido surgiu em Paris, este ano, quando o Simonal foi a Cannes com o Zimbo e a Elizeth Cardoso e se encontrou com o Chico Buarque”.
Os criadores revelaram que nunca ganharam dinheiro com a popular figura. Mas ela foi amplamente conhecida e cultuada.
Na época, Chico teve o seu fusca arrombado e, mais do que preocupado com o veículo, mostrou-se muito chateado com o roubo do seu Mug que estava no interior do carro. Segundo a imprensa da época, até recompensa teria oferecido. Hebe Camargo também, segundo se sabe, só ensaiava com um Mug sobre o piano, que a acompanhava. Claudete Soares, que substituiu Elis Regina na apresentação de O Fino da Bossa, também vivia grudada em um deles.
Em 2016, o empresário João Leão Filho criou um blog (bonecomug.blogspot.com) para resgatar histórias do boneco estranho mas simpático criado por seu pai e Horácio. Ele, naturalmente, possui o seu exemplar até os dias de hoje.
