O texto a seguir é uma colaboração do professor Josinei Ricardo de Azeredo.
Desde quando cheguei, em Vale Verde, escuto pessoas de mais idade mencionarem que a antiga Vila Melos teve um perspicaz professor particular, chamado Helmuth Seibert. Procurei e não encontrei nada escrito sobre a vida dele. Foi então que resolvi fazer uma breve pesquisa sobre o referido professor, a fim de contribuir com a história local, bem como registrar sua presença e seu legado, tanto na educação quanto na arquitetura.
Filho do casal alemão Emílio Seibert e Sophie Ebert, Helmuth Seibert nasceu na Colônia dos Melos, em 12 de abril de 1905. Helmuth era o primogênito e tinha quatro irmãos: Arnaldo Roberto, Reinaldo, Alberto e Alvina. Casou-se com Erna Froemming, com quem teve três filhas: Mathilda Seibert, casada com Paulino Gaspar, Leonora Seibert, casada com Hari Kirst, e Elsa Seibert, casada com o memorável professor de língua alemã Albino Fiss.
– Ele possuía uma mente que poucos tinham aqui na volta e uma memória invejável – lembra seu sobrinho Germano Seibert, filho de Arnaldo. Era um tempo em que até os veículos automotores eram raros. Reinaldo Seibert e Arnoldo Heling tinham, cada um deles, um Ford 1929. Já Carlos Froemming tinha uma camionete Ford 1937.
Alberto Seibert, irmão de Helmuth, trabalhou incansavelmente pela energia elétrica e criou o primeiro telefone, com ramal na Vila Melos. Sua nora, Lenira Seibert, atuou como telefonista no funcionalismo público. O professor Helmuth adquiriu sua primeira residência no terreno onde hoje mora o senhor Delmar Kirst, adiante do Mercado da Flávia Seibel. Helmuth se destacava na resolução imediata de cálculos complexos.
– Pensava dois minutos e já estava com a resultado pronto. Não perdia tempo usando lápis. Desnecessário era repetir duas vezes o assunto. Falava fluentemente o Alemão e ainda possuía habilidades arquitetônicas – recorda Paulo Seibert, filho de Reinaldo.
Foi ele que projetou a edificação da secretaria de obras, no início da década de 1950. Já a grandiosa e destacada chaminé fora construída antes, por João Paulo Dettenborn, avô materno de Paulo Seibert, no final da década de 1930. Ali, junto à chaminé, havia uma caldeira que produzia e fornecia luz, a partir de uma certa hora da noite, para parte da população, como explica Paulo Seibert:
– O primeiro a fornecer luz foi meu avô João Paulo Dettenborn, depois, meu tio Helmuth deu seguimento a esta grande novidade na Vila. Lembro que ia das 18h até a meia-noite, pois tocava um apito bem alto, sinalizando o ligamento e desligamento da luz.
Nesta área ainda existia um moinho que descascava arroz e produzia farinha de trigo. E, nas proximidades, havia uma serraria. Helmuth construiu outro moinho de produção, que se localizava nas proximidades da fazenda do Coronel Modualdo Guedes de Menezes e era administrado pelo genro de Helmuth, Hari Kirst.
O brilhante professor-arquiteto ajudou a construir a casa que fica entre a igreja e o ginásio da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana, em 1957. Era nesta casa que o professor Helmuth ministrava suas aulas. Mais tarde, ele se transferiu para Venâncio Aires, onde também deixou sua contribuição na Comunidade Evangélica. Helmuth faleceu em 4 de maio de 1965, com 60 anos.
Colônia dos Melos, Vila Melos e Vale Verde
Colônia dos Melos, subordinada ao município de Santo Amaro, era denominação criada por Ato Municipal número 11, de 8 de janeiro de 1917, pelo intendente provisório Victorio Obino. O Topônimo foi usado até 23 de junho de 1939, segundo correspondência expedida pela prefeitura municipal de General Câmara (1938/1940).
Após esta data, passa oficialmente a ser Vila Melos, 5º distrito de General Câmara. No entanto, o decreto número 7.589, de 29 de novembro de 1938, já menciona ex-Colônia dos Melos como distrito, sendo usada, desde então, a denominação de Vila. O nome de Vale Verde foi criado pela Lei Municipal N° 10.657 em 28 de dezembro de 1995. (Fonte: IBGE)