
Adolf Oderich e sua esposa Henriette, um casal de São Sebastião do Caí estavam prestes a comemorar bodas de ouro em 1935. Adolf, um empresário bem-sucedido, de 78 anos, cujo apelido familiar era Opa Knopp, propôs à mulher que fizessem uma viagem para celebrar, na Alemanha, a data. Ousado, sugeriu que a travessia do Atlântico fosse feita não em um navio, mas no dirigível Graf Zeppelin. Para isso, mostrou um folder da Luftschiff, empresa da aeronave.
Plenamente satisfeita com as informações do folheto, ou não, a senhora Oderich topou a parada. E bem que ela fez. No dia 20 de julho daquele ano, no Rio de Janeiro, o casal subiu, orgulhoso e feliz, no “Zepp” deixando-se levar, pelos ares, de volta à terra alemã, naquela que seria a última grande aventura de Opa Knopp.
A oitava viagem de retorno à Alemanha do famoso dirigível levou 16 passageiros: 15 deles embarcados no Rio de Janeiro e um, em Recife. Dos 16, apenas duas eram mulheres. A viagem durou cinco dias.

A partida de volta ao Brasil deu-se três meses mais tarde, em 23 de outubro. O outono estava no auge. Acima das nuvens espessas, os Alpes sobressaíam majestosos. Apesar do vento gelado e da chuva, ao final daquele dia de mau tempo, em Friedrichashafen, uma simpática cidadezinha à beira do Lago Bodensee, os passageiros subiram a pequena escada do imponente Rei dos Ares. Passagens e passaportes examinados, fósforos e isqueiros confiscados, todos estavam a bordo. Quando, enfim, tudo estava pronto para a partida, soou o comando: “Fora!”. Imediatamente várias mãos tiraram e carregaram os pesos e o Zeppelin começou a subir. Quando os cabos ficaram esticados, ouviu-se o segundo comando: “Tirem as mãos!”. Então, desprendendo-se das amarras que o atavam à terra, o gigante elevou-se livre e leve no ar para trazer o casal de retorno ao lar.
“De positivo, no livro da vida, tem destaque apenas o amor”, palavras de Wilhem Busch, caricaturista alemão, criador do personagem Opa Knopp.
Colaboração de Cynthia Oderich Trein