Na última terça-feira (19), publicamos uma colaboração da mestra e doutoranda em História Janete da Rocha Machado sobre os campos da várzea, uma grande extensão de terra alagadiça, um verdadeiro banhado, nos primórdios de Porto Alegre, que, com o passar do tempo, especialmente com a construção do prédio do Colégio Militar e a posterior urbanização da área, deu lugar ao Parque Farroupilha ou Redenção, como gostamos de chamar.
A propósito da nota, recebemos do historiador Sérgio da Costa Franco a mensagem na qual ele faz o seguinte reparo. “Num engano, que decorre de um grave equívoco de nosso bom historiador Francisco Riopardense de Macedo (1921-2007) em seu livro Porto Alegre, História e Vida da Cidade (Edições UFRGS, 1973, página 97 e seguintes).”
Sérgio afirma: “O Potreiro da Várzea nunca fez parte da Várzea, Redenção, hoje Parque Farroupilha. Como explico em meu Guia Histórico, no verbete Venâncio Aires, Av. (páginas 415 e 416 da última edição), correspondia ao segmento inicial desta Avenida, da Praça Garibaldi até o Caminho da Azenha, hoje Av. João Pessoa. Era área pertencente ao governo central, inicialmente para servir à cavalhada do Exército. Por muito tempo, o município a arrendou, para ali instalar o Matadouro (ver meu verbete Matadouros, na página 259), até que a adquiriu por permuta, em 1873, passando para o governo imperial um terreno da Rua dos Andradas, onde funcionava, e ainda funciona, a Capitania do Porto. Em seguida, a partir do ano seguinte, loteou a área do Potreiro da Várzea, vendendo os respectivos terrenos e criando a Praça Garibaldi. Tenho cópia da planta desse loteamento, existente no Arquivo Histórico; não sei como Riopardense de Macedo a ignorou, transmitindo seu engano.”
Janete confirma: “Nós, historiadores da cidade, pesquisamos e lemos muito esse autor (Riopardense de Macedo)... Sou rata de arquivos, assim como ele. Mas, às vezes, cometemos alguns deslizes. A história é rede, ela está em constante atualização. Graças a Deus! Por isso a importância do nosso trabalho”.
O Almanaque Gaúcho existe também para isso. Modestamente, como Riopardense, Sérgio ou Janete, não temos compromisso com o erro. Novas pesquisas vão se acumulando, fontes mais recentes aparecendo, e a história vai sendo lapidada para se chegar ao que interessa: fatos. O nome Potreiro da Várzea talvez se justifique, porque ficava mais ou menos para aquele mesmo lado da cidade. É graças a pessoas como essas que podemos, aqui, contar novidades sobre o passado...