"E seja qual for a idade,
Qual a quadra e qual o dia,
Envolve-se a alma toda
Num véu de melancolia.
E esta luta tremenda
É a imagem do viver..."
Amália Figueiroa
A mais antiga entidade literária do Estado, fundada em 1868, anos antes da Academia Brasileira de Letras, e que reuniu os nossos maiores intelectuais, completou no último domingo, dia 18, seus 149 anos de fundação.
Instituição pioneira da literatura gaúcha, verdadeiro marco da formação cultural do Estado, a Sociedade Partenon Literário foi fundada, aqui na Capital, em 18 de junho de 1868.
Do grupo fundador faziam parte Apolinário Porto Alegre, Caldre e Fião, Aurélio Bitencourt, Aquiles Porto-Alegre e outros. A instituição reuniu os maiores intelectuais da época, incluindo, além dos fundadores, nomes como Luciana de Abreu, Múcio Teixeira, Amália Figueiroa e muitos outros que, hoje, dão seus nomes a ruas da nossa cidade.
Sempre é bom lembrar que o Partenon Literário, além de divulgar suas obras culturais, teve disposição suficiente para lutar de peito aberto pela alforria dos escravos e pela implantação da República, valorizou o papel da mulher na sociedade, publicou uma revista que virou referência, cultivou uma biblioteca volumosa, realizou saraus concorridos e se preocupou muito com o ensino, a ponto de ministrar gratuitamente suas conhecidas aulas noturnas.
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Na sua primeira fase, a instituição durou até o ano de 1885, quando não se teve mais notícias a respeito de suas atividades. Em 1997, um grupo de intelectuais e simpatizantes da causa literária começou a se reunir, visando ao restabelecimento da associação literária considerada o símbolo da literatura gaúcha: o Partenon Literário. Vinte anos se passaram desde a reativação, o Partenon Literário continua ativo e agregou muitos sócios, que hoje somam mais de 200. Publicou, em oito volumes, várias coletâneas oficiais. Trouxe para o grande público palestras memoráveis ministradas por grandes autores, como Moacyr Scliar, Sandra Pesavento e Charles Kiefer. Criou, também, o seu hino oficial.
O Partenon Literário vem desenvolvendo uma série de ações, demonstrando à comunidade rio-grandense que essa antiga e venerável entidade, criada há quase um século e meio, está muito viva, procurando sempre refletir o legado de seus primórdios, mas com espaço para todo tipo de manifestação cultural e discussão a respeito dos atuais anseios da sociedade.
O Partenon Literário atual realiza palestras, saraus, publica livros, transfere conhecimento e soma muito para a proliferação da cultura, continuando os ideais de nomes como o do consagrado poeta Múcio Teixeira, do reconhecido cronista da cidade Aquiles Porto-Alegre, de seu principal fundador, Apolinário Porto Alegre, e de Luciana de Abreu, a primeira mulher a subir em uma tribuna no Rio Grande do Sul.
Colaboração de Benedito Saldanha, presidente do Partenon Literário