O fechamento temporário do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, pode dificultar a adesão de gaúchos no programa Voa Brasil. Lançada nesta quarta-feira (24), por meio do Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), a iniciativa oferecerá passagens aéreas por até R$ 200 para aposentados do INSS. Deverão ser ofertados 3 milhões de bilhetes ao longo dos próximos 12 meses.
Sem subsídio do governo, a dinâmica do programa depende de acordos com as companhias aéreas para a oferta as passagens que não foram vendidas. A taxa de ociosidade – ou seja, de bilhetes que sobram – depende de fatores como época do ano, temporada, rota e oferta de voos. Por conta disso, o vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens – Rio Grande do Sul (Abav-RS), Victor Hugo Almeida, acredita que os gaúchos terão menos oportunidades de aderir à iniciativa.
— A principal questão é, justamente, a menor oferta de voos. Quanto menos voos ofertados, mais cheios eles saem daqui. Então, consequentemente, a tarifa está mais elevada. O fechamento do Salgado Filho é um impeditivo porque a companhia aérea vai ter dificuldade para conseguir acomodar um passageiro pelo benefício, já que as aeronaves estão bastante cheias. É como se o Rio Grande do Sul estivesse em uma alta temporada constante — explica.
Com a retomada parcial do Salgado Filho prevista para outubro e a total para dezembro, Almeida se mostra otimista para os resultados da iniciativa.
Na primeira fase do programa serão atendidos os aposentados pelo INSS, sem incluir pensionistas, que não tenham viajado de avião nos últimos 12 meses. Segundo dados do MPor, cerca de 23 milhões de brasileiros preenchem os requisitos para participar da iniciativa. O objetivo, segundo o Ministério, é oportunizar que os aposentados voltem a utilizar o modal aéreo e voar pelo país.
— Acredito que, em um primeiro momento, não sejam ainda viagens exclusivamente de turismo, e sim viagens mais necessárias. Por exemplo, para ver um familiar que não visita há muito tempo ou alguma situação mais específica. Mas, obviamente, o turismo também deverá ser favorecido com essa iniciativa — defende o vice-presidente da Abrav-RS.
O MPor pretende lançar a segunda etapa do programa, que beneficiará estudantes de instituições de ensino público, no primeiro semestre de 2025. Para Almeida, ampliação do público pode garantir que jovens façam turismo, participem de congressos, realizem provas de concursos e outras atividades importantes para a carreira acadêmica e profissional.