Moradores de Porto Alegre que estavam fora do Rio Grande do Sul durante a maior tragédia climática do Estado enfrentam dificuldades para voltar à Capital. A chuva causou interdição Aeroporto Internacional Salgado Filho, além de bloqueios em diversas rodovias.
O aeroporto em Porto Alegre está fechado para voos até pelo menos o fim de maio. Assim, quem chega ao RS por via aérea tem como opção mais próxima o aeroporto de Caxias do Sul, a 130 km da capital.
A terapeuta Perla Cristiane Kaiser, de 47 anos, estava na Espanha e retornou com filha, Luna, e o marido, Júlio Martin, em voo de São Paulo a Caxias na sexta-feira (10). A família tenta há três dias chegar em Porto Alegre, onde mora há mais de 15 anos.
— Tivemos problema em relação a voltar porque o aeroporto (Porto Alegre) fechou. Tem poucas opções de voo, poucas informações e agora eu consegui chegar a Caxias, que seria um pouco mais próximo. Não há informações para (entender) como voltar — disse a moradora da zona sul de Porto Alegre, uma das áreas mais atingidas pelas enchentes.
Estradas do RS estão com bloqueios por conta de deslizamentos, pontos de alagamento ou pontes que caíram devido à força das enchentes. De carro, a viagem entre Caxias e Porto Alegre costuma durar duas horas.
A terapeuta tentou viagem por meio de carro de aplicativo, mas os motoristas não aceitaram. Outra alternativa era pagar uma corrida a partir do aeroporto de Caxias do Sul.
— Os táxis estavam cobrando valores absurdos: R$ 900 de Caxias do Sul a Porto Alegre. Não aceitamos — conta.
Em média, a mesma viagem custa entre R$ 390 e R$ 470 em dias comuns.
Perla e a família foram até Campo Bom, a 57 quilômetros da capital, onde passaram a noite. A intenção da terapeuta é tentar chegar de carro pela RS-118 e a estimativa é de gastarem R$ 400 a mais do que o previsto.
Gastos extras de R$ 3 mil
A técnica de enfermagem Rute Giovana Tadeu, 49 anos, e quatro familiares estavam de férias no Rio de Janeiro e voltariam para Porto Alegre na quinta-feira (9), mas tiveram voo cancelado.
— Eu fiz uma choradeira, disse que tinha familiar em Porto Alegre. Eu moro em Porto Alegre, minha vida é em Porto Alegre, meu trabalho, minha família... E nos encaixaram nesse voo — conta Rute, logo após pousar em Caxias do Sul no início da tarde de sexta-feira (10).
Segundo ela, nem a companhia aérea nem as autoridades locais prestaram apoio para ajudar com informações de como chegar na capital.
— Agora que nós vamos ver — disse Rute, sobre a volta até Porto Alegre por terra.
Horas mais tarde, a família relatou ao que não conseguiu transporte para a capital e teve que se hospedar em um hotel de Caxias do Sul. Rute conta que a previsão é de eles pegarem um ônibus às 6h deste sábado (11) até Osório, cidade no litoral norte do estado. De lá, ela conta, tentarão passagens para Porto Alegre.
— A gente não esperava gastar da forma com que a gente está gastando. E ainda não conseguimos chegar, essa é a nossa situação — disse na noite de sexta-feira.
A auxiliar calcula um valor R$ 3 mil a mais do que esperado, entre hospedagens, comida e transporte.