Destino popular entre os brasileiros, Berlim é conhecida pela grande quantidade de atrações turísticas para todos os gostos, de museus a parques, de prédios históricos à arquitetura moderna. Mas a capital alemã é bem mais do que o Portão de Brandemburgo, a Alexanderplatz e o muro que a separou até 1989.
Selecionamos algumas de suas atrações menos conhecidas, que mostram facetas alternativas da cidade, seja para quem gosta de fugir dos roteiros convencionais, seja para quem está na segunda ou terceira visita e já conhece os pontos mais famosos.
Para refletir
Memorial Berlin-Hohenschönhausen
Visitar Berlin é mergulhar na história de uma cidade que, por 28 anos, foi dividida por um muro. A privação de liberdade de pensamento e do direito de ir e vir são marcas do regime da Alemanha Oriental, que utilizava tortura psicológica para conseguir informações. Um dos cenários desses crimes foi o núcleo de detenção central da Stasi (a polícia secreta da Alemanha Oriental), em Berlin-Hohenschönhausen.
Por 44 anos (de 1946 a 1990), o local abrigou presos políticos até que eles fossem julgados. Além das impressionantes e assustadoras celas e solitárias, o que torna a visita rica e emocionante é que elas são conduzidas por pessoas que estiveram presas ali ou têm uma relação próxima com quem esteve, como filhos de ex-presos. Eles narram como os dias na prisão afetaram suas vidas e de suas famílias.
Fiz o passeio com um ex-preso cubano, Jorge García Vázquez, confinado em 1987, acusado de ajudar um músico de seu país a contatar diplomatas dos Estados Unidos. Ele descreveu os horrores vividos ali, como a privação de sono, que os deixava desorientados.
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Endereço: Genslerstraße 66
Horários: as visitas duram cerca de 90 minutos. De março a outubro, os tours guiados em inglês ocorrem diariamente, às 10h30min, 12h30min e 14h30min. De novembro a fevereiro, diariamente, às 11h30min e às 14h30min. Para grupos de mais de sete pessoas, é necessário agendar pelo site, com possibilidade de visita em português
Preço: 6 euros por pessoa
Museu da DDR
Próximo à catedral de Berlim, um museu ainda não tão famoso merece uma visita. Inaugurado em 2008, o museu da DDR (Deutsche Demokratische Republik, ou República Democrática da Alemanha) conta como era a vida na Alemanha Oriental. Diferentemente de outros museus da cidade, que narram as tentativas de fuga ou os anos difíceis, esse é mais leve, preservando o conceito de Ostalgie, a nostalgia por coisas da DDR.
Mesmo sendo um regime fechado e controlador, para muitas pessoas, há boas lembranças do período (afinal, foi neste país que elas viveram a infância, casaram e tiverem filhos), e elas podem ser encontradas nesse museu. Uma coletânea de objetos originais da época, doados por antigos habitantes da Alemanha Oriental, mostra como era vida desses alemães.
O museu é dividido em 35 áreas, como esporte, comunicação, transporte e educação. Ele é completamente interativo: você pode, por exemplo, dirigir virtualmente um Trabant, carro característico da DDR, entrar em uma sala de jardim da infância ou ver como era o escritório do governo.
A experiência mais fantástica é percorrer a réplica de um característico apartamento daquele tempo, com interfone, hall de entrada, quarto das crianças e do casal, banheiro, sala e cozinha. Há móveis e objetos da época e, até mesmo, televisão exibindo programas da DDR.
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Endereço: Karl-Liebknecht-Str. 1, 10178
Horário: de segunda-feira a sexta-feira e aos domingos, das 10h às 20h. No sábado, das 10h às 22h. Aberto os 365 dias do ano
Preço: 9,80 euros por pessoa. Portadores do welcome card (bilhete de transporte que turistas podem adquirir) têm desconto
Aeroporto Tempelhof
Se há um lugar que pode resumir a história recente de Berlim, é o aeroporto Tempelhof, desativado em 2008. Dez anos depois, ele permanece intacto, e passear por sua sala de embarque é uma experiência sem igual: parece que a qualquer momento as portas se abrirão e começarão a entrar os passageiros. O local já não funciona como aeroporto, mas você pode visitá-lo com um guia, em alemão ou inglês, ao custo de 15 euros por duas horas de passeio.
Erguido entre 1936 e 1941, é um dos prédios mais marcantes da arquitetura nazista. Na II Guerra, abrigou uma oficina para aeronaves do regime. Após o fim do conflito, com a derrota da Alemanha e com a divisão do país, ficou na parte dos Estados Unidos e foi transformado em base aérea para os soldados americanos, com quadra de basquete e até discoteca para o lazer dos combatentes.
Entre 1948 e 1949, quando os soviéticos fecharam todos os caminhos terrestres para a Berlim Ocidental, que estava dentro do território da Alemanha Oriental e onde moravam mais de 2,2 milhões de pessoas, foi palco da Luftbrücke, a ponte pelo céu. Em três corredores aéreos chegavam e partiam aviões de três em três minutos com todos mantimentos, materiais de construção e carvão necessários para suprir a demanda da cidade.
Em 1951, passou a receber voos comerciais. Depois de 2008, fechadas as operações, serviu para locações de filmes como Jogos Vorazes e Operação Valquíria. Desde a crise de refugiados, que começou em 2015, os hangares do aeroporto servem como abrigo de emergência para quem chega e, no pátio, foram instaladas casas-contêineres como moradias provisórias.
A antiga pista de pouso deu origem ao Tempelhofeld, um enorme parque onde os berlinenses adoram praticar esportes.
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Endereço: o ponto de encontro para o tour é Ehemaliges Flughafengebäude Tempelhof, GAT Terminal,Tempelhofer Damm 1-7, 12107
Horário: os tours em inglês ocorrem nas quartas-feiras, sextas-feiras, aos sábados e domingos, às 13h30min
Preço: 15 euros (adultos). Para passear pelo parque Temperlhofeld, não é necessário pagar
Para se aventurar
Teufelsberg
De todos os passeios alternativos, esse é o mais aventureiro. O local tem estrutura precária, e chegar até lá não é uma tarefa fácil. Ainda assim, é uma das coisas mais inusitadas que se pode fazer em Berlim. Teufelsberg (Montanha do Diabo, em português) não é um monte natural, mas um amontoado de entulho da II Guerra Mundial. Depois do conflito, escombros foram depositados no local, onde havia um prédio inacabado da era nazista que abrigaria uma universidade militar.
O monte foi coberto com terra e grama e, a partir dos anos 1950, britânicos e americanos passaram a utilizar o lugar para espionagem. Com modernos equipamentos, eles interceptavam conversas dos soviéticos. As grandes esferas utilizadas para as escutas estão lá até hoje e são o que mais chama atenção em Teufelsberg. Na maior delas, onde ainda é possível subir, a acústica impressiona: qualquer cochicho toma proporções inacreditáveis. Hoje, o local tem um administrador privado, e artistas são convidados a fazer grafites nas paredes. Os desenhos são uma atração à parte e, para apreciá-los com atenção, é bom tirar um tempo maior para o passeio.
Para chegar, pegue um S-Bahn até a estação Grunewald. De lá, são dois quilômetros de caminhada em uma floresta – mas não se assuste, os caminhos são bem demarcados e não há mata fechada. Mesmo assim, achar a montanha parece uma tarefa impossível sem um GPS ou aplicativo de mapas, devido às bifurcações e à ausência de placas. Depois de uns 40 minutos de caminhada, chega-se à entrada.
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Endereço: Radarstation Teufelsberg, Teufelsseechaussee 10 14193
Preço e horários: a entrada custa 8 euros. Está aberto de quarta-feira a domingo, do meio-dia às 20h
Passeio de canoa
Se você gosta de esportes, pode preferir conhecer Berlim de outro ângulo: passeando de canoa. Há formas mais fáceis de percorrer o canal de Landwehr e o Rio Spree, mas muito menos emocionantes. Você pode optar por um passeio de barco, meio mais tradicional entre os turistas, mas o de canoa é uma experiência e tanto.
O percurso de oito quilômetros dura, em média, três horas, com paradas para que o guia explique alguns pontos do trajeto e conte histórias curiosas, e algumas até engraçadas, sobre a cidade. Passa-se pelo antigo Urbanhafen, em Kreuzberg, pela histórica ponte do Almirante (Admiralbrücke) – ponto de encontro dos berlinenses –, pelo mercado de pulgas de Neukölln e pelo Wagenburg Lohmühle, um estacionamento de trailers onde vivem algumas pessoas e são desenvolvidos projetos culturais, artísticos e ambientais.
O ponto alto do trajeto é a chegada ao Rio Spree, onde pode-se observar a gigantesca estátua Molecule Man (Homem Molecular), a maravilhosa ponte Oberbaumbrücke e o Osthafen, de onde é possível observar os restos preservados do antigo controle de fronteira dos tempos de divisão da Berlim Oriental e Ocidental.
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Endereço: Statthaus Böcklerpark, Prinzenstraße 1, 10969
Horário: normalmente, os tours ocorrem às 10h, 14h e 18h e podem ser feitos em inglês
Preço: 30 euros por pessoa, incluindo os itens de segurança
Weltballon
Um dos pontos turísticos mais conhecidos de Berlim é a Fernsehturm, a torre de TV que proporciona uma vista panorâmica da cidade. Porém, se você quiser uma visão sem marcas de vidro e para tirar fotos legais sem reflexos e com muito mais emoção, a dica é subir no balão do Die Welt.
Trata-se de um balão de gás hélio, preso ao solo por um cabo de aço, com capacidade para até 30 pessoas. Localizado bem pertinho do famoso Check Point Charlie, o balão sobe a 150 metros de altura e fica no ar por cerca de 15 minutos.
O preço é um pouco salgado, mas vale cada centavo: 23 euros (se você tiver o welcome card, ganha desconto). O passeio é seguro e, inclusive, acessível a cadeirantes. Como a altitude é grande, o indicado é levar um casaco, mesmo no verão. Fiz o passeio em uma tarde de fevereiro, com temperatura negativa, e começou a nevar quando estávamos lá em cima. Como são poucos minutos, dá para suportar, mas, se você for no inverno, lembre-se de levar cachecol, gorro e luvas.
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Endereço: Zimmerstrasse 100, 10117
Horário: diariamente, das 10h às 19h. Porém, dependendo das condições climáticas, os passeios podem ser interrompidos
Preço: 23 euros por pessoa (adultos)
Para relaxar
Wannsee e outros lagos
Em alguns bairros de Berlim, a sensação é de estar em uma cidadezinha do interior. Assim é o passeio de Wannsee a Alt-Kladow. Quando o sol começa a brilhar mais forte, na primavera, mesmo com o friozinho, os biergärten (cervejarias ao ar livre) já estão cheios de turistas. O lugar é incrível, e ali, nos quintais de frente para o Rio Havel, você pode degustar variados tipos de cervejas, sopas, bratwurst (o tradicional cachorro-quente alemão), tortas e cafés.
Para chegar, basta pegar o S-Bahn 7 (trem urbano) e descer em Wannsee. De lá, aproveite para conhecer a região e, em seguida, vá de barco até a outra margem. Se você estiver com o bilhete diário, mensal ou o welcome card, a ida não terá custo adicional, já que o ferry integra o transporte público. O percurso dura cerca de 20 minutos, com paisagens de tirar o fôlego.
Chegando ao outro lado, aproveite para degustar as delícias dos biergärten, conhecer esse charmoso bairro e observar os simpáticos patos e gansos que dão boas-vindas aos visitantes. Há também barcos próprios para passeios, mas esses custam mais caro e saem em horários específicos.
Se preferir conhecer uma praia berlinense, perto dali está Strandbad Wannsee, que, no verão, fica superlotada. Trata-se de uma praia de água doce, às margens do lago Wannsee, com cerca de um quilômetro de extensão de areia fina. O local tem infraestrutura com lancherias, chuveiros e aluguel de cadeiras e guarda-sóis.
Para quem deseja mais calma, a dica é Schlachtensee, também próximo ao centro. Desça na estação Schlachtensee do S-Bahn e você estará à beira do lago, que tem sete quilômetros de extensão e é ideal para caminhadas. O local é muito popular para piqueniques, e há restaurantes nas proximidades. Além disso, trata-se de um bom lugar para tomar banho e pescar.
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Biergärten
Horário: costumam abrir de março a outubro, diariamente, das 10h às 20h
Preço: entrada franca. Cerveja a partir de 3 euros
Strandbad Wannsee
Endereço: Wannseebadweg 25, 14129.
Para chegar, desça na estação Nikolassee do S-Bahn. De lá, são cerca de 20 minutos de caminhada, basta seguir as placas
Horário: em geral, de abril e setembro, diariamente, das 9h às 20h
Preço: 5,50 euros por pessoa
Schlachtensee
Endereço: Schlachtensee 114129
Preço: não há cobrança de entrada