GUAÍBA
É da capital do Estado que a gente vê, ao longe, o lugar onde a Revolução Farroupilha começou: a Casa de Gomes Jardim. Do local, no centro da cidade de Guaíba, é possível avistar toda a Porto Alegre. Mas essa vista não é só bonita. Graças a ela, Guaíba é conhecida como o berço da guerra.
Foi à sombra de um cipreste que foi planejada a invasão à Capital. A árvore fica na propriedade que pertencia a Gomes Jardim, personagem fundamental para a revolução sair do papel. A casa está aberta a visitação há dois anos.
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– Gomes Jardim foi o mais idoso dos nossos heróis, com mais de 60 anos. Médico prático, ele juntou aqui dentro dessa casa as pessoas que hoje são nomes de ruas: Bento Gonçalves, Onofre Pires, Corte Real, José Mariano de Matos – conta a atual proprietária, Ires Leão.
Muitos desses jovens haviam voltado da Europa, onde se encantaram com a Revolução Francesa. Eles queriam mudar o sistema de governo do Brasil também. Olhavam para Porto Alegre de baixo do cipreste e sabiam do movimento do Império. A revolução nasceu a partir dessas observações.
Em 1947, dois anos após o fim da guerra, a casa serviu de cenário para outro acontecimento histórico. Foi ali, onde tudo começou, que Bento Gonçalves morreu, aos 58 anos.
Como ir
De Porto Alegre, são 32 quilômetros pelas BRs 290 e 116, em uma viagem de cerca de meia hora. Outra opção é pegar o catamarã no Cais Mauá ou no Píer BarraShoppingSul. O trajeto leva aproximadamente 20 minutos e custa R$ 9,10.
Ao lado da Estação Hidroviária de Guaíba, o visitante encontra um ônibus turístico que passa por pontos históricos da cidade, inclusive a Casa de Gomes Jardim. A propriedade é aberta ao público em fins de semana e feriados, das 10h ao meio-dia e das 13h às 17h. Durante a semana, a visita, que custa R$ 3, precisa ser agendada pelo telefone (51) 3480-1159.
Já o passeio de jardineira opera de terças a domingos, das 10h30min às 16h30min. O ingresso custa R$ 7 em dias úteis e R$ 8 em fins de semana e feriados.
PIRATINI
Ao longo da revolução, os farrapos escolheram três cidades como capitais farroupilhas. Uma delas foi Piratini, no sul do Estado, eleita pelos líderes devido à geografia – dos morros da cidade, era possível ver quando alguma tropa inimiga se aproximava.
Para acompanhar essa história, o visitante pode seguir a chamada Linha Farroupilha. No percurso de 880 metros, sinalizado por placas, pode-se conhecer 33 prédios relacionados à Revolução Farroupilha.
Um desses prédios abrigava o Palácio de Governo da República Riograndense, onde Bento Gonçalves passou a maior parte do tempo comandando a revolta. No sobrado onde hoje fica o Museu Municipal Barbosa Lessa, momentos da guerra são encenados por atores que acompanham os visitantes pela Linha Farroupilha. As apresentações são realizadas em fins de semana, basta agendar pelo telefone (53) 3257-3278. A entrada custa R$ 20, para grupos a partir de 10 pessoas.
Os dois museus da cidade guardam objetos da época, como as bandeiras e os armamentos usados pelos soldados.
– Recebemos muitas excursões de escolas, que aproveitam para contar um pouquinho do que foi a Revolução Farroupilha – afirma Consuelo Robe, diretora do Museu Histórico Farroupilha, localizado no prédio do antigo Ministério da Guerra, que oferece uma vista encantadora da pequena e histórica Piratini.
Em todo o passeio, quem nos guiou foi uma atriz vestida de Anita Garibaldi. Um dos principais pontos do trajeto, aliás, é a casa de Giuseppe Garibaldi.
– É um patrimônio nacional. Essa casa foi construída em 1800 e comprada com dinheiro do próprio Garibaldi para que se instalasse a oficina do jornal O Povo. Ele viveu aqui entre 1836 e 1838 – explica a estudante de História Francieli Domingues. Perto dali, fica a Igreja Matriz, onde a cidade começou.
– A gente observa que ela foi uma construção militar que servia tanto para um templo cristão quanto para as batalhas de guerra – acrescenta Francieli.
Como ir
A partir de Porto Alegre, são 344 quilômetros pelas BRs 116 e 293 e pela RS-702, em cerca de 4h15min de viagem.
TRIUNFO
A igreja Bom Jesus resiste ao tempo e dá as boas-vindas para quem chega a Triunfo, na Região Metropolitana, onde nasceu aquele que foi o principal líder da revolução: Bento Gonçalves.
Principal atração da cidade, o Museu Farroupilha está fechado para reformas. Enquanto isso, parte do acervo está exposto em uma sala da Secretaria de Turismo, perto dali.
– A gente tem muitas peças de época, como armas usadas na Revolução – aponta a recepcionista Clair Terezinha Oliveira Ramos.
Há também balas de canhão encontradas na Ilha do Fanfa, acrescenta Clair:
– Elas serviam para afundar embarcações no rio. Quem estava em terra atirava em quem estava no navio, até afundar o casco. Elas não explodem, são de ferro maciço. Por isso são tão pesadas.
A ilha fica no interior da cidade, a 24 quilômetros do centro, e foi cenário de uma das tantas batalhas. O único jeito de chegar até lá é de barco, em uma travessia curta. É uma propriedade particular, mas quem quiser conhecer é sempre bem-vindo. A entrada é gratuita, mas deve-se agendar a visita junto à Secretaria de Turismo (telefone 51 3654-3059), já que não há uma balsa fixa que faça a travessia regularmente.
No Fanfa, há um mapa em mármore com a localização das tropas federalistas e farrapas. Ele conta um pouco dessa batalha, que durou quatro dias e terminou com a prisão de Bento pelos imperialistas.
– Chegou ao ponto de não ter mais munição. Estavam rodeados pelas barcaças imperiais do comandante Gliffer e, no morro, pelo Bento Manoel. Ele se entregou para salvar os soldados que tinha – conta o patrão do CTG 20 de Setembro, Antonio Nilto de Oliveira Campos.
Como ir
A partir de Porto Alegre, são 78 quilômetros pelas BRs 290, 448 e 386, em cerca de uma hora de viagem.
#PartiuRS é uma série multimídia que mostra as belezas do Estado. Além do ZH Viagem, a série pode ser acompanhada aos sábados, no Jornal do Almoço, da RBS TV, no Supersábado, da Rádio Gaúcha, e em um site especial no G1. A coordenação é de Mariana Pessin (mariana.pessin@rbstv.com.br)