A entrada da cordilheira. É o que significa o nome da cidade de Pucón, no Chile, em mapudungun, idioma dos índios mapuche, que há séculos habitam o local. A região é, de fato, a entrada para a Patagônia chilena e o início da região dos lagos, no meio dos Andes.
Pucón fica em Auracanía, na 9ª região chilena, aos pés do vulcão Villarrica, o mais ativo da América do Sul. Celebrado pelos mapuches como quase um deus, o imponente vulcão coberto de neve foi testemunha da maior resistência à dominação espanhola na América Latina. Foram séculos de sangrentas batalhas que se arrastaram até pouco mais de cem anos atrás, quando os colonizadores se fixaram de vez às margens do lago homônimo ao vulcão. Quando o assunto vem à tona, é fácil ouvir de algum nativo que os espanhóis nunca dominaram de fato a região.
Construída toda às margens do lago, a cidade é pequena e aconchegante. As casas exibem arquitetura de estilo europeu, geralmente com fachadas de madeira, em uma paisagem tranquila e bucólica. A população, cerca de 20 mil pessoas, em sua maioria mestiços de índios com espanhóis, chega a triplicar durante a temporada de esqui. Pucón é uma estância de inverno mesmo quando não é inverno, e um destino menos manjado do que Valle Nevado, Chillán ou a região dos vinhos chilenos, como o Valle de Colchagua.
Ali, a cultura mapuche é forte e pode ser percebida principalmente pelo artesanato típico, encontrado por toda a cidade. Difícil encontrar quem não se encanta com as flores de madeira nas muitas barracas espalhadas por todos os lados. Só chegando bem perto é possível perceber que não são flores de verdade. A madeira utilizada é um tipo de bambu encontrado na região e as técnicas de confecção dessas peças são passadas de pai para filho.
Durante o dia, apenas algumas lanchas no lago e as conversas nos terraços quebram o silêncio contagiante dos bosques gelados. É um lugar para conhecer a dois ou em família, em qualquer estação. E quem visita Pucón não pode deixar de conhecer também o Parque Nacional Villarrica - com 62 mil hectares, é o maior parque do Chile - e a cidade de mesmo nome, do outro lado do lago.
Turismo de primeiro mundo
Pucón fica a 870 quilômetros ao sul de Santiago e não tem aeroporto. Os voos para a capital chilena duram quatro horas, a partir do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, pela Gol, LAN Chile ou Aerolíneas Argentinas. Em cerca de duas horas se pega outro voo, de Santiago para Temuco, a 667 quilômetros de Santiago, com uma hora de duração.
A partir de Temuco, são 110 quilômetros de estrada até Pucón, de ônibus ou carro. O percurso leva, em média, uma hora e meia.
Sobram opções de acomodações, restaurantes, informações de programas e transportes em Pucón e Villarrica. Pioneiro na região, o Gran Hotel Pucón foi fundado no início dos anos 1930 e impulsionou a vocação turística ao redor do vulcão. Depois dele, o Hotel del Lago, mais moderno, acomoda o cassino e um spa. E bem no meio do caminho entre as duas cidades fica o luxuoso Villarrica Park Lake Hotel, com sua cozinha sofisticada e requintado spa. O hotel já acomodou celebridades como Gisele Bündchen e Leonardo Di Caprio. Há ainda casas para alugar e muitas pousadas.
Mais informações nos sites www.pucon.cl, www.villarrica.cl e www.villarricaparklakehotel.cl
Chile
Gelo e fogo na Cordilheira dos Andes
Pucón, estância de inverno chilena, é destino pouco procurado e com inúmeras opções de lazer e diversão
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