Cada metro quadrado do Litoral Norte está sendo disputado pelos veranistas, e vence quem pode pagar um pouco mais. O começo desta temporada registra um crescimento significativo na procura por imóveis para alugar e, como consequência, uma tendência de elevação no valor das diárias.
Estimativas de representantes do setor apontam aumento de pelo menos 20% na quantidade de veranistas em busca de uma casa ou apartamento em relação ao mesmo período do ano passado, e preços cerca de 10% a 20% mais salgados.
Delegado regional do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis (Secovi-RS) no Litoral Norte, Marcelo Callegaro afirma que os corretores já vinham percebendo um salto na demanda aos finais de semana antes do início da temporada.
O representante do Secovi-RS não identifica uma causa óbvia para justificar essa variação, mas acredita que o movimento faz parte de uma tentativa de superar os momentos difíceis pelos quais os gaúchos passaram neste ano. Isso teria inflado a demanda entre 20% e 30%.
— Depois da enchente de maio, me parece que as pessoas estão mais ávidas para aproveitar o verão, desestressar um pouco — opina Callegaro, também conselheiro do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-RS).
Presidente da Associação dos Corretores e Imobiliárias de Capão da Canoa, Jonas Inácio afirma que, neste ano, a maior parte das vagas para o Ano-Novo se esgotou ainda no começo de novembro, quase um mês antes do observado em 2023. Inácio estima elevação de 20% tanto na demanda quanto no preço das diárias.
— As redes sociais, hoje, têm um papel decisivo para ajudar a divulgar o nosso litoral. Atendemos muitas pessoas que dizem ter decidido vir para cá porque um parente postou fotos e acharam bonitas — afirma Inácio.
Ele sustenta que a constante entrega de novos prédios permite às principais praias absorver cada vez mais gente, e viabiliza o salto na procura por apartamentos. Conforme o presidente da associação, a cada ano são entregues perto de duas dezenas de novos edifícios em Capão.
Em Tramandaí, conforme a funcionária de imobiliária Helena Rodrigues, um apartamento de dois quartos não muito distante da praia sai por cerca de R$ 400 ao dia. Mas o valor pode variar, segundo o presidente da Associação das Imobiliárias e Corretores de Imóveis de Tramandaí e Imbé e diretor do Creci-RS, Thiago Kury, conforme a localização em relação à zona central dos municípios:
— No exemplo de um apartamento de dois quartos, não muito distante da beira-mar, a diária em geral parte de uns R$ 300, podendo chegar a cerca de R$ 700.
Esse patamar aproxima o aluguel de um imóvel em uma praia gaúcha ao preço cobrado em balneários catarinenses. A plataforma Booking.com, por exemplo, indica diária média de R$ 1 mil para um apartamento em Florianópolis neste final de semana, mas valores de pouco mais de R$ 400 para outros períodos.
Kury estima um crescimento de 25% na demanda por imóveis e de 20% no preço médio no Litoral Norte. Acredita, porém, que a maior valorização dos imóveis das praias gaúchas em relação ao ano passado deverá se concentrar nos períodos de festas, em razão do pico de demanda, com tendência a se amenizar no restante do veraneio. O diretor do Creci-RS observa ainda que o patamar elevado do dólar pode estar estimulando parte dos veranistas a optar pelo Rio Grande do Sul em vez de cruzar a fronteira.