Cursos gratuitos que capacitam profissionalmente e empoderam a população com conhecimento. Assim são as atividades promovidas pelo Banco Comunitário da Asa Branca, em parceria com a Unisol RS – Central de Empreendimentos Econômicos Solidários no Rio Grande do Sul, para a comunidade que fica no bairro Sarandi, zona norte de Porto Alegre.
Ao longo de todo o ano, são oferecidas formações com certificado em áreas diversas. Entre as mais lembradas pelas alunas fiéis, estão as de gestão, fabricação de sabão e produção de velas aromáticas. Além de professores especialistas no assunto das aulas, os encontros sempre contam com a presença de uma agente de saúde do posto da Asa Branca para esclarecimento de dúvidas e fortalecimento de vínculos com os moradores.
— É a oportunidade que a gente tem de aprender, porque pagando não tem como — enfatiza Keliane Gomes de Souza, 36 anos.
Keliane é uma das mulheres chefes de família que vivem na comunidade e têm a responsabilidade de sustentar e cuidar da casa. Ela vive com os quatro filhos e cuida dos pais, que têm idade mais avançada. Por isso, se interessou pelo curso de Cuidador de Idoso, que ocorreu na semana passada. Além dos cuidados específicos com a terceira idade, foram abordados aspectos gerais de saúde e primeiros socorros.
— E eu ainda quero fazer o curso de Pequenos Reparos, quero conseguir trocar o piso da minha casa sozinha – comenta sobre uma das atividades que estava prevista para ocorrer este mês, mas foi cancelada.
Entretanto, não é só o aprendizado que motiva as alunas: os encontros ajudam na integração entre as mulheres e fortalecem os laços entre as moradoras. Principalmente depois da enchente de maio, que atingiu totalmente a comunidade, esses momentos de troca de experiências são ainda mais importantes. É isso o que conta a técnica em Enfermagem Katiussia Dutra Gomes, 35 anos, apoiadora das atividades do BC Asa Branca.
— Muitas mulheres nem tinham esse contato, moram perto umas das outras mas não se conheciam. Depois da enchente, elas começaram a se unir mais, porque é bom para conversar, espairecer a cabeça. Sempre tem lanche coletivo, são tardes e manhãs bem divertidas — conta.
Kellen Lopes, 38 anos, idealizadora do BC Asa Branca, explica que existem idosas, mães-solo e mulheres que vivem sozinhas na Asa Branca e que, por isso, as iniciativas são voltadas para o fortalecimento feminino:
— O desenvolvimento da comunidade tem que ser socioeconômico e tem também o aspecto psicológico. A gente proporciona as capacitações, elas ganham certificado, podem colocar no currículo, trabalhar e ter sua renda.
Iniciativa fomenta o comércio local
O Banco Comunitário da Asa Branca é uma iniciativa que busca desenvolver a comunidade de forma econômica e social. Criado com o apoio da Unisol RS, a ideia é incentivar a circulação de dinheiro dentro da própria vila e fomentar o comércio local por meio da Amora, moeda social criada pela associação.
— A Amora tem o mesmo peso monetário do Real, é um por um. Aí, se a pessoa quer comprar alguma coisa, ela vai no banco comunitário, troca o Real pela Amora, e vai no comércio que aceita a moeda social. Ela pode ganhar um desconto e o lugar ganha a fidelização do cliente. Todos os empreendimentos que quiserem aderir podem usar em várias ideias — explica Kellen.
A associação é formada por uma diretoria de 11 mulheres e ainda não tem um local próprio. Até a enchente de maio, a sede do banco funcionava em um espaço da estética de Kellen. Entretanto, o local foi inundado e todos os materiais e equipamentos foram perdidos.
Para saber mais sobre as ações do Banco Comunitário da Asa Branca, siga o perfil @asabrancabc no Instagram.
Produção: Caroline Fraga