A temperatura gélida registrada no começo da manhã deste domingo (30) afastou boa parte da população de espaços públicos que costumam lotar aos finais de semana em Porto Alegre, como parques e a orla do Guaíba. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registrou mínima de 4ºC na estação meteorológica localizada no Jardim Botânico, no recorde de frio no ano.
À medida que o sol aqueceu um pouco os termômetros, pontos tradicionais de caminhada a exemplo do Brique da Redenção e o trecho 3 da Orla passaram a receber uma quantidade maior de frequentadores – que utilizaram recursos como casacos pesados, toucas, luvas e o tradicional chimarrão para diminuir a sensação polar intensificada pelas rajadas de vento.
O frio invernal colocou à prova as diferentes estratégias que os moradores da Capital escolhem para sair à rua com menos desconforto.
— Eu esquento as extremidades, aí acaba aquecendo todo o corpo — explicava a artesã Liane Diehl, 66 anos, a um casal de amigos no Brique.
A comerciante, que vende seus produtos há 11 anos no local, lamentava que a baixa temperatura experimentada principalmente nas primeiras horas da manhã tenha afugentado boa parte dos consumidores que geralmente circulam pela Avenida José Bonifácio aos domingos:
— Uns dois finais de semana atrás, não dava pra enxergar o outro lado da rua de tanta gente que tinha. Agora, só depois que o sol deu uma esquentada que o movimento começou a melhorar um pouco. Antes disso, não tinha ninguém. Eram só os expositores aqui.
As vendas estavam boas apenas em estandes como o da comerciante Marinês Sales. O motivo era simples: sobre a mesa de madeira se viam luvas, toucas e meias de lã grossa.
— Quando saio de casa, torço para que faça frio. Hoje já teve bastante procura — celebrou Marinês.
Na Redenção, até os bichos de estimação circulavam bem abrigados em meio a uma temperatura de 10ºC perto das 11h. A cadelinha Flor, por exemplo, exibia um casaquinho cor de rosa garantido pela tutora, a veterinária Luciane Cristina Vieira, 50 anos.
Com o conhecimento que a profissão garante, Luciane explica que cada animal, assim como os humanos, têm uma tolerância variável às temperaturas mais extremas.
— Cada animal sente o frio de um jeito um pouco diferente. A Flor é mais friorenta, mas tenho outros dois cachorros que não se dão tão bem com as roupinhas. O importante é sempre sair para dar uma caminhada com eles, com qualquer tempo — garantiu a veterinária.
Outros frequentadores faziam questão de permanecer à luz do sol para escapar de uma sensação térmica ainda menor. No trecho 3 da Orla, o movimento estava ainda mais reduzido pelo avanço do Guaíba. A água seguia ocupando parte das quadras de areia, mais próximas à margem. Sobre o asfalto seco da Avenida Beira-Rio, os poucos atletas que se dispunham a correr no meio da manhã usavam calças e camisas térmicas, toucas e luvas para reduzir a sensação de frio intensificada pela ação do vento.