
Muitos casais têm preferido dormir em quartos separados, hábito que vem sendo chamado de "divórcio do sono". Alguns alegam que descansam melhor quando estão sozinhos na cama, mas é preciso cuidar para não gerar afastamento emocional do casal. Tiago Simon, médico especialista em sono, e Fernanda Vaz Hartmann, mestre em Psicologia, falaram à Rádio Gaúcha sobre o tema na manhã deste sábado (2).
Os dois entendem estamos em um momento de aumento na adesão ao modelo. Para Simon, o "divórcio do sono" é uma tendência não apenas para casais com distúrbio do sono.
— As gerações mais atuais vêm priorizando uma boa noite de sono ao invés da companhia de dormir juntos. Eles preferem ter uma qualidade de sono melhor — afirma. Ele entende que a sistemática traz benefícios. O médico afirma que "existem comprovações de melhora de qualidade do sono", fazendo com que as pessoas acordem mais dispostas e tenham uma produtividade melhor durante o seu dia.
Entre as desvantagens, o médico cita a redução da intimidade e de relações sexuais do casal, podendo aumentar o distanciamento emocional. Ele destaca que deve haver "consenso" entre o casal na tomada de decisão.
Para Fernanda, o aumento de casais neste arranjo é consequência de uma certa liberdade das relações, que aparece em diferentes organizações, inclusive no sono.
— Acho que, hoje, as pessoas estão se sentindo mais livres pra poder escolher as regras da sua relação. Mas acho importante dizer que essa questão do sono, ela atravessa todas as etapas do desenvolvimento do casal, da família. Nós temos crises ao longo dessa relação conjugal que vão sempre exigir novas regras e uma nova dinâmica — afirma. Ela cita como exemplo o casal que tem filhos, e precisa fazer uma "negociação do sono".
Ouvintes participaram do programa
Ouvintes mandaram mensagens durante o programa. Um deles contou ser casado há 32 anos e faz 10 anos que ele e a esposa dormem separados. Outra ouvinte defendeu que os casais devem dormir juntos. "Se é pra dormir separado, então não casa."
Fernanda entende que tudo vai depender do como esses arranjos são feitos, já que quando um impõe algo sobre o outro em uma relação "denuncia conflito". Outro ponto a ser considerado é o contexto, uma vez que as regras vão mudando conforme a sociedade.
— Quanto mais flexibilidade esse casal tiver para passar por essas crises que estão previstas e que impõe novas regras, a alocação de novos recursos para lidar com as demandas novas, mais saúde vai ter esse casal. Certamente, se é conversado e se isso foi estabelecido como um consenso pra preservar o indivíduo e a relação, isso é sinal de saúde desse casal — explica a mestre em Psicologia.
Ouça o programa na íntegra: