Os dados do mais recente censo demográfico indicam a possibilidade, inédita em quase dois séculos, de a população brasileira começar a cair em termos absolutos até o fim desta década. A informação foi citada pelo presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann. A população brasileira, conforme o último censo, é de 203 milhões de habitantes.
Nesta quinta-feira (28), durante participação em seminário no centro de São Paulo, Pochmann observou que informações importantes do Censo realizado no ano passado, como estratificações da população por gênero e faixa etária, estão para ser divulgadas. Mas os dados já conhecidos, frisou, revelam um país "muito diferente" do observado em 2010, quando foi realizado o levantamento anterior.
— A começar pelo fato de que estamos entrando em uma fase na qual a transição demográfica se completa e passamos a entrar numa realidade só conhecida por quem viveu lá em 1850, que foi quando a população se reduziu em termos absolutos no Brasil — disse Pochmann.
Segundo o presidente do IBGE, desde pelo menos 1860, quando se tem alguns dados, a população, a cada ano, crescia mais.
— Vivemos uma realidade em que isso já não é verdade", acrescentou Pochmann.
Antes do Censo 2022, lembrou o presidente do IBGE, existia a expectativa de que a redução absoluta no número de brasileiros aconteceria apenas a partir de 2044. Ponderando que esta é uma perspectiva a ser mais bem estudada por demógrafos, Pochmann afirmou que isso pode acontecer antes:
— Já em 2030, nós, talvez, estaremos diante dessa realidade, ou seja, teremos mais pessoas morrendo do que nascendo.
Conforme números do censo divulgados em junho pelo IBGE, a taxa de crescimento anual da população brasileira entre 2010 e 2022, de 0,52%, a menor desde o primeiro levantamento, realizado em 1872.
O seminário foi promovido pelo sindicato dos auditores da Receita Federal, o Sindifisco, junto com Dieese, Instituto Justiça Fiscal (IJF) e Unicamp.