O foco do novo programa do governo federal para prevenção da gravidez na adolescência, encabeçado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, em conjunto com o Ministério da Saúde, está causando divergência entre os responsáveis pelas pastas. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a recomendação de que os adolescentes devem adiar o início das relações sexuais não é eficaz e não pode ser a única política contra o problema.
A ministra Damares Alves tem citado a ideia como principal medida das campanhas do programa. De acordo com Mandetta, o tema é complexo e não deve ser minimizado:
— A mensagem do comportamento responsável é válida. É uma vida, é o afastamento da escola. Mas não se pode minimizar a discussão e dar ênfase só para isso. É um problema complexo. Tenho apostado muito em informar as consequências, porque acredito que esse seja um ponto essencial para a conscientização.
O ministro da Saúde salientou que o debate sobre o assunto não deve ser pautado por questões religiosas. Como argumento a favor de propor aos adolescentes a recomendação, o documento do ministério de Damares menciona pesquisas que apontam a gravidez precoce como motivo para os jovens se afastarem da família e da fé.
— As campanhas falarem sobre isso (iniciação sexual tardia), eu não vejo problema. O que não pode é que essa seja a nossa única política. Não pode ser nem a única, nem a principal — disse Mandetta.
Nesta terça-feira (28), o ministro tem uma reunião para decidir qual será o foco do programa. O início da primeira campanha está marcado para 3 de fevereiro.