Por Ondine Cohane
A quantidade de conselhos disponíveis para quem viaja com crianças pode ser enlouquecedora. Como a maioria dos adultos, porém, os pequenos em geral se tornam bons viajantes por meio de uma combinação entre a natureza e a cultura: algumas crianças são flexíveis, outras gostam de rotina e outras ainda ficam completamente desajustadas com as dificuldades causadas por aviões atrasados, mudanças no cronograma e jet lag. No entanto, existem cinco maneiras de tornar o tempo longe de casa mais agradável para as crianças — e para os adultos.
1. Não sobrecarregue o itinerário, mas deixe que cada um escolha uma atividade
Se vocês estão indo para Paris pela primeira vez, pode ser tentador colocar a Torre Eiffel, o Louvre, o Museu D'Orsay e restaurantes estrelados no Michelin entre os vários itens essenciais de sua lista, mesmo com os pequenos.
— Lotar a agenda com quantidades insanas de atividades ou reservar restaurantes que não vão fazer você se sentir confortável com as crianças é uma armadilha comum — explica Biba Milioto, escritora e doula do Brooklyn, em Nova York, que viaja com frequência com seus dois filhos, de três e cinco anos. — O que fazemos é basicamente tentar manter mais ou menos nossa rotina de casa, mas com um cenário diferente (e, esperamos, muito mais bonito!).
Na viagem recente que fiz com minha família para Paris, com esse conselho em mente, marcamos uma excursão grande por dia, mas deixamos tempo suficiente para que as crianças andassem de pônei nos Jardins do Luxemburgo e fizessem uma visita ao parque de aventuras Jardim da Aclimatação, duas atrações recomendadas por um amigo que mora lá (e aprovadas por meu filho), enquanto procurava tempo para minhas próprias atividades: correr na beira do Sena um dia, ler por uma hora em um café no lado esquerdo do rio no outro.
Também é importante conhecer a personalidade de seu filho — eles não vão ser diferentes na estrada, ou pelo menos não conte com isso.
— Crianças supercalmas, que são tímidas e reservadas, não vão se tornar gregárias e festeiras apenas porque você está viajando. E vice-versa, os garotos malucos não vão de repente virar modelos de decoro na Capela Sistina — avisa Biba.
2. Pense qual tipo de acomodação será melhor para sua família
Hotéis e resorts podem ser muito divertidos, mas todo mundo compartilhando o mesmo espaço pode causar distração na hora de dormir, e você corre o risco de ver os custos extras crescerem rapidamente se há minibar ou serviço de quarto. Por isso, muitas famílias preferem alugar um apartamento ou usar o Airbnb, o One Fine Stay ou o serviço voltado para crianças Kid & Coe. Um quarto a mais é sempre melhor, porque cada um pode ir para a cama no horário que quiser, e é ótimo ter sua própria cozinha para quem acorda cedo ou tem problemas para comer.
No entanto, se você ama hotéis e não quer mudar de hábitos, há pais que continuam ficando neles.
— Nós nos esforçamos para não sermos aquelas pessoas que desaparecem dos hotéis apenas porque têm filhos pequenos. Adoramos hotéis e não precisamos de um clube infantil, apenas um bom lugar para famílias — diz Katherine Wheelock, editora da revista Condé Nast Traveler e mãe de três crianças de menos de sete anos.
Certos sites de viagem, como o Mr. & Mrs. Smith, têm uma lista de propriedades bacanas para ir com as crianças, e alguns são completamente focados nelas, como o Ciao Bambino, de planejamento de viagens familiares.
Quando você está viajando, relaxe. Coma sorvete todos os dias, deixe as crianças verem vídeos no YouTube por uma hora a mais de manhã para que você possa tomar café na cama, permita-e relaxar e não aplicar todas as regras que mantém em casa.
HENLEY VAZQUEZ
Executiva-chefe e uma das fundadoras da Passported e mãe de três
— No fim, se as famílias não conseguem se acomodar com conforto nas configurações dos quartos, não importa quão conveniente é o hotel ou quantos mimos eles têm para as crianças, não funciona e é o fator mais importante — explica Amie O'Shaughnessy, fundadora do Ciao Bambino. — Dito isso, as famílias com apenas uma criança de menos de 10 anos podem se acomodar em um quarto se o custo for uma questão. Um dos truques em destinos quentes é ter um quarto com varanda, para onde os pais podem ir depois que as crianças dormem, se eles não tiverem uma suíte própria — afirma.
3. Esqueça algumas regras e dê mais liberdade a todos
Permitir que meu filho de sete anos usasse seu iPad pelo tempo que quisesse no voo transatlântico ou durante um ataque de jet leg fez com que me sentisse culpada em alguns momentos. Mas, como diz Henley Vazquez, executiva-chefe e uma das fundadoras da Passported (empresa de viagens online especializada em viagens familiares de luxo) e mãe de três (entre eles um recém-nascido):
— Esqueça. Claro, em casa limitamos o tempo que as crianças passam em frente das telas, os doces e várias outras coisas que sabemos que não são boas para elas. Mas, quando você está viajando, relaxe. Coma sorvete todos os dias, deixe as crianças verem vídeos no YouTube por uma hora a mais de manhã para que você possa tomar café na cama, permita-e relaxar e não aplicar todas as regras que mantém em casa.
4. Explique bem quem ficará responsável por cada mala
Parabéns aos pais que conseguem se organizar de modo que cada criança carregue sua própria mala e não perca nada na viagem ou no avião. Especialmente no deslocamento, quando estamos meio dormindo, bichos de pelúcia, iPads e malhas favoritas são deixados para trás. Descobrimos que é melhor ter uma grande mala de rodinhas com talvez uma mochila menor para os brinquedos e atividades do meu filho, e fazemos questão de reorganizar tudo uma hora antes do pouso.
Ruth Coady, executiva de cinema de Londres e mãe de dois garotos que frequentemente viajam para sua casa na Austrália, tem certeza de que, até que seus meninos estejam prontos para se tornarem responsáveis por suas próprias malas, cada um deve ter apenas uma pequena mochila, e coisas extras que eles podem querer ou precisar vão em sua própria mala.
— Se não, acabo carregando tudo e todo mundo. Mantenha as coisas simples. Leve um saquinho com Lego ou alguns brinquedos pequenos, uma muda de roupa e lanches — diz ela.
5. Descubra antes se haverá alguém para cuidar da criança
Deixar seu filho com alguém quando está longe de casa é uma opção pessoal, mas me lembrei disso recentemente quando uma amiga confessou que, apesar de sua mãe ter se oferecido para ir para a Itália para ajudar com sua filha de três anos, ela decidiu contratar alguém.
— Minha mãe me deixa maluca em casa. Sei que, para tirar umas férias de uma dinâmica familiar frustrante, preciso um tempo longe da família também — confessou essa amiga, que preferiu não se identificar.
Claro, para cada avô que possa causar certa tensão na viagem há o oposto completo — aquele que deixa tudo mais tranquilo e fácil e oferece ajuda sem fim e sem infundir culpa nos pais.
Se você tem amigos, conhecidos ou colegas com crianças nos lugares para onde está viajando, pode ser uma boa aposta pedir a eles que recomendem babás. As locais vão ter mais conhecimento sobre coisas como os parques bons para as crianças e as melhores sorveterias.