A edição gaúcha da 2ª Marcha pela Ciência no Brasil reuniu na manhã deste sábado (2), professores, pesquisadores e estudantes no Parque da Redenção, em Porto Alegre.
Com cartazes, bandeiras e megafone, o grupo protestou pelos corte de verba do governo federal para universidades públicas e organismos de pesquisa científica no país.
De acordo com o pesquisador Dante Barone, ex-diretor e integrante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a redução de verba atinge quase 50% em relação ao orçamento de dois anos atrás para ciência e tecnologia.
– A situação é dramática – desabafou.
Organizador da marcha na Capital, José Vicente Tavares dos Santos, secretário regional da SBPC, disse que objetivo do protesto é lutar para manter a capacidade da produção científica no Brasil.
– Todas as áreas do conhecimento precisam de ciência. Temos de pensar no futuro, nas novas gerações. O Brasil está formando 40 mil mestres e 16 mil doutores e precisamos aumentar esses números. Nossos vizinhos, com Argentina e Chile tem muito mais – afirmou.
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Santos lamentou que a redução de recursos atinge a a expansão de universidade públicas, limita vagas para professores e insumos para experiências em laboratórios.
– Está começando, pouco a pouco, um desmonte da ciência no Brasil – lamentou.
Diretora-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) entre 2012 e 2015, Nádya Silveira, lembrou que o Brasil vive em contradição em relação a outros países, e que a restrição de orçamento é indicativo de, a médio prazo, deixar de acompanhar a produção científica no mundo.
– Foi divulgado esta semana, na Alemanha, a criação de um equipamento a laser de grande capacidade para obter informações em átomos e moléculas que, até então, não existiam. O desafio da ciência é de desenvolvimento conjunto mundial. Não pode ser isolado, pois a sociedade é cada vez mais globalizada e precisa de respostas científicas – enfatizou Nádya, diretora do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
O pesquisador Newton Carneiro, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio Grandense, lembrou que a bactéria Listeria monocytogenes, recentemente detectada em produtos fatiados na rede Zaffari, foi identificada pelo Laboratório Central do Estado, organismo da Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde, ameaçada de extinção pelo governo do Estado.
Marchas pela ciência também estavam previstas para este sábado no Rio de Janeiro, Brasília e em São Paulo.