
Um peixe sem face e novas espécies marinhas foram encontradas em águas profundas na Austrália, durante uma viagem científica de um mês ao longo da costa leste do país. A expedição examinou um abismo escuro e frio, quatro quilômetros abaixo da superfície do mar, usando redes, sonares e câmeras de profundidade.
O cientista líder a bordo, Tim O'Hara, dos Museus Victoria, disse afirmou que a área de busca era "o ambiente mais inexplorado na Terra".
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Exemplares incomuns como caranguejos espinhosos e aranhas-do-mar cegas foram recolhidos desde que os cientistas começaram sua viagem – de Launceston, na Tasmânia, para o norte, em direção ao Mar de Coral –, em 15 de maio.
Eles também encontraram um peixe sem rosto, que só havia sido registrado uma vez anteriormente, em 1873, pela equipe científica pioneira da expedição HMS Challenger, em Papua Nova Guiné.
– Não tem olhos nem um nariz visível, e a boca está embaixo –, disse O'Hara a partir do navio.
Em tais profundidades, é tão escuro que as criaturas muitas vezes não têm olhos ou produzem sua própria luz através da bioluminescência, acrescentou.
Outro achado foram esponjas carnívoras que usam espículas letais feitas de silício. Elas obtêm pequenos crustáceos que ficam enganchados em suas espinhas, para serem lentamente digeridos in situ.
Esta técnica difere da utilizada pela maioria das esponjas que vivem em profundidade, que se alimentam de bactérias e outros organismos unicelulares filtrados de correntes passantes.
– Nós temos 27 cientistas a bordo que são líderes em seus campos e eles me dizem que cerca de um terço do que encontramos são novas espécies – disse O'Hara. Milhares de espécimes foram recuperados até agora, a duas semanas do fim da viagem.
Em tais profundidades, com pressões esmagadoras, sem luz, pouca comida e temperaturas muito baixas, os animais desenvolvem maneiras únicas de sobreviver.
Como a comida é escassa, eles geralmente são pequenos e se movem devagar. Muitos são gelatinosos e passam suas vidas flutuando, enquanto outros têm espinhas e presas ferozes e esperam até que a comida chegue até eles.
Os dados recolhidos ajudam a melhorar a compreensão dos habitats do fundo oceânico da Austrália, sua biodiversidade e os processos ecológicos que os sustentam, disse O'Hara.
– Isso ajudará na sua conservação e manejo e ajudará a protegê-los contra os impactos das mudanças climáticas, poluição e outras atividades humanas – completou.
*AFP