Duas jovens de Estância Velha, no Vale do Sinos, projetaram a solução para um problema que gera prejuízo e dor de cabeça para viajantes e gastos para companhias aéreas: extravio de bagagens.Vitória Gabriela Nunes e Gabriela Pittella de Freitas, ambas de 17 anos, criaram um protótipo de um sistema que rastreia a bagagem e, por mensagem de texto, também avisa se foi aberta.
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Feito com um rastreador de automóveis, antenas GPS e GSM, um chip de celular e um sensor de pressão, o aparelho pesa cerca de 50 gramas e deve ser acoplado à mala.
– Quando ele não achar a posição de GPS, ele pode sincronizar com qualquer antena de celular, que é uma tecnologia anterior ao 3G e ao 4G – explica Jair Carlos Muller, professor de física e co-orientador do projeto.
O dispositivo ganhou o nome de BagLink. De quebra, ao desenvolver o projeto, elas se tornaram amigas – antes, se falavam pouco – e hoje têm em mãos um produto com potencial de vendas. Desde abril de 2015, quando o sistema começou a ser desenvolvido, o protótipo ganhou algumas melhorias e diminuiu de tamanho em relação ao primeiro teste. O dispositivo pode ser localizado por meio de ligações para o número do chip.
Depois de telefonar e deixar tocar algumas vezes, o usuário desliga e logo recebe uma mensagem de texto com um link para o mapa que mostra onde está a mala.O sensor de pressão, que serve para avisar quando a mala for aberta ou violada, detecta o peso dos objetos pessoais – é necessário apenas cerca de 60 gramas para ativá-lo. Quando há deslocamento dos objetos que pressionam o sensor, e ele é ativado, o viajante recebe uma mensagem de texto com “Help me!” (ajude-me, em inglês) com a localização, data e hora.
– Fizemos um estudo sobre qual era o mínimo de gramas compactadas para acionar esse dispositivo. Antes, ele precisava em torno de 100 gramas, agora baixamos para 62 gramas – explica Vitória.
As criadoras do BagLink explicam que o produto teria potencial para ser vendido para empresas áreas e para clientes preocupados com o conteúdo da sua bagagem.
– Fizemos uma pesquisa no (aeroporto) Salgado Filho e vimos que muita gente estaria disposta a pagar por um desses. As empresas também poderiam ver quais voos e em quais turnos estão sumindo as bagagens para controle maior – diz Gabriela.
O projeto foi apresentado pela primeira vez em 2015, na mostra de projetos científicos do Colégio Luterano Arthur Konrath, a chamada Mostra Clak, quando as meninas estavam no segundo ano do Ensino Médio. A feira acontece anualmente e pede a participação de todos os alunos dos ensinos Fundamental, Médio e Técnico da escola.
Depois da estreia do produto, elas já o levaram para mostras no Peru, em um evento científico. Hoje, Gabriela trabalha em uma empresa de tecnologia. Vitória faz curso técnico em cinema. Nesta semana, elas estão em São Paulo, junto a outros estudantes gaúchos, para participar da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), na Universidade de São Paulo (USP), que reúne projetos de jovens cientistas de até 20 anos. Os primeiros colocados da mostra da escola são selecionados para a feira.
As adolescentes nunca testaram o produto em um avião comercial. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), qualquer dispositivo com GPS ou antenas emissoras de sinais precisariam de uma certificação do órgão antes de ser levado dentro de uma aeronave. Segundo a assessoria da agência, é preciso ter a certeza que não poderia interferir na navegação da aeronave. Os próximos passos das meninas são diminuir o produto e pensar em alternativas para patenteá-lo e produzi-lo.
Elas também pensam em desenvolver um aplicativo para smartphone para o controle da localização da bagagem. Produzido em massa, mil unidades do aparelho custariam cerca de R$ 150 cada, elas afirmam. Na escola, as exigências para participar das feiras, segundo os professores, são benéficas para uma possível carreira na ciência ou na área da tecnologia.
– Converso com outros professores, e sempre comentamos que não tivemos um Ensino Médio com tanta qualidade. Elas têm uma cancha de feiras, isso faz com que elas estejam preparadas – diz o orientador Aldrim Vargas de Quadros, professor de biologia.