Dois homens parados em um carro: um dirigindo, o outro, sem cinto de segurança, encostado em seu ombro. Uma pergunta: "até quando você vai aceitar isso?".
O questionamento, logo se descobre, não faz parte de uma ação preconceituosa contra o casal. Muito pelo contrário. Criada por dois estudantes de publicidade da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) em Porto Alegre, o anúncio, feito em sala de aula, chama atenção para um descuido comum de segurança no trânsito.
A campanha tomou proporções virais ao ser divulgada, na semana passada, por um dos modelos. Até a tarde desta terça-feira, eram mais de 14 mil likes e 400 compartilhamentos - abrindo espaço para discussões sobre discriminação e conscientização em nível nacional. A peça não é oficial, mas acabou recebendo apoio da própria Renault, a marca que os universitários escolheram representar no projeto.
- A gente não esperava que a repercussão fosse tão grande. A maioria das pessoas curtiu, apoio a ideia e entendeu o objetivo da campanha, que era brincar com o preconceito para conscientizar as pessoas sobre o uso do cinto de segurança - explica Lauro Cantarelli Pereira, um dos autores da peça publicitária.
Seu colega na criação, Guilherme Ferrari, completa dizendo que o objetivo era mesmo chocar quem tivesse preconceito, destacando que "as pessoas que só enxergassem o casal deixariam de ver o que é realmente relevante". Planejado para as disciplinas de Criação de Campanha e Direção de Criação, o projeto foi também inscrito na 4ª edição do Desafio Renault Experience, voltado para universitários de todo o país, cujo tema neste ano é a educação para a segurança no trânsito.
"Diversidade e Segurança no trânsito são dois valores defendidos pelo Instituto Renault. Por isso, apoiamos a mensagem do projeto participante do Desafio Renault Experience que foi compartilhado pelas redes sociais. Parabéns pela iniciativa", escreveu a Renault do Brasil em sua página no Facebook.
Os modelos do anúncio, Vinicius Pereira e Léon Scheffer, que são realmente um casal, tampouco esperavam tamanha repercussão. Mas, para eles, a campanha serve a dois fins: combater a discriminação de gênero e orientar sobre a necessidade de usar o cinto.
- Os comentários, em geral, foram positivos, e acho que a campanha ajudou a mostrar como o preconceito pode cegar as pessoas. Mesmo se não ganharmos o concurso, já valeu pela repercussão - diz Vinicius.
Nesta terça-feira, os criadores da campanha gravaram um vídeo para defender seu projeto. Agora, Guilherme e Lauro aguardam a divulgação dos resultados pela Renault, que vai premiar os primeiros colocados e seus professores com uma viagem a Paris.