A partir de agora, as alunas da professora Claudia Souza Malta Costa, 15 anos, terão passos mais apurados e passarão a resvalar menos no assoalho do ginásio da Escola Estadual Maurício Sirotsky Sobrinho, no Bairro Maria Regina, em Alvorada.
VÍDEO: assista uma aula profe Clau
Nesta semana, a adolescente - que há três anos dá aulas de balé aos sábados para meninas de três a 14 anos - entregou ao grupo 60 collants e 40 sapatilhas recebidos em uma doação. Para quem até então dançava no improviso, o momento foi de alegria ao receber o primeiro figurino. Parte das 86 alunas saracoteava nas aulas apenas com meias nos pés.
Há três anos fazendo balé, Taíssa Spindola, 11 anos, só usava sapatilhas nas aulas quando conseguia emprestado. Caso contrário, tentava fazer o espacate - movimento de abrir as pernas para que fiquem paralelas ao chão - apenas com meias.
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Para completar o "uniforme' usava uma camisetinha, saia e meia-calça. Tudo muito simples mas ela garante que o balé faz bem para sua autoestima.
- Agora me sinto mais bailarina. As vezes doíam meus pés (sem sapatilha) mas nunca quis desistir.
Acostumada a dançar com leggin e meia grossa, Maria Tainá de Lima, 9 anos, também espera ter melhor desempenho nas aulas depois de ganhar a doação.
- Me sinto bem dançando.
Após a entrega ontem à tarde na casa de Clau, no Bairro Salomé, todas foram imediatamente experimentar as peças para posar para lentes do DG. Mãe de Claudia, a vendedora autônoma de cosméticos e figurinista Marlene Costa, 48 anos, que supervisiona todas as aulas, diz que vê-las evoluindo ao longo do tempo compensa qualquer improviso.
Adolescente de Alvorada que dá aula para meninas persiste no projeto mesmo sem recursos do governo federal
- Elas adoram as aulas e muitas seguem sonhando com o balé mesmo sem ter os materiais.
Doações vierem de leitor da Suiça
As doações foram feitas por um porto-alegrense que mora em Genebra, na Suiça e conheceu o projeto através das matérias feitas pelo Diário Gaúcho, em novembro de 2014 e em maio deste ano.
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Com ajuda de uma amiga que mora na Capital comprou o material em uma loja de Alvorada e fez com que peças fossem entregues à profe Clau, como é chamada por suas alunas. Como a compra foi feita em grande quantidade, a loja também doará, na semana que vem, 67 bolsinhas e 67 blusas segundas-peles para as garotas usarem no inverno.
- Isso é algo básico que elas não tinham. Muitas dançavam apenas de meia calça e com mais uma meia grossa por cima. Mesmo machucando o pé com os movimentos, por falta das sapatilhas, não desistiam - conta Clau, orgulhosa das mudanças que tem conseguido provocar nas meninas.
Além de ensinar os passinhos delicados do balé, Clau é visivelmente uma líder para as gurias. Além de obedecerem sua voz firme, as alunas têm noções importantes de disciplina, postura e vaidade.
Mãe garante: Ágatha está evoluindo
Ágatha Keity de Souza Ferreira, 8 anos, começou a frequentar as aulas em março e a mãe a dona de casa Kelly, 30 anos, já percebe as mudanças no comportamento da filha.
Antes introvertida, agora fez novas amizades e tem se dedicado mais estudos - critério básico para frequentar as aulas, a própria Clau supervisiosa as notas. Para ir às aulas, Agatha tinha apenas meia-calça. Collant, saia e o enfeite do cabelo a mãe conseguiu emprestado.
- Se fosse para pagarmos a aula e comprarmos a roupa não teria como. E fico contente de ver ela dançando - diz a mãe.
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Balé
Meninas que dançavam apenas com meia receberam doação de leitor da Suiça
Itens básicos para dança, como sapatilha e collant, agora ajudarão nas aulas do grupo
Jeniffer Gularte
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