O aumento do poder aquisitivo faz com que as pessoas invistam em projetos para melhorar sua qualidade de vida. Comprar um carro é um deles. Trocar o apartamento por uma casa num local mais sossegado é outro. Mas a concretização desses planos pode trazer como consequência mais tempo de deslocamento até o trabalho, mais veículos nas ruas e mais problemas para cumprir a agenda sem atrasos, por causa do trânsito congestionado. Esse quadro pode gerar ansiedade crônica, estresse excessivo e outras doenças resultantes disso tudo.
Essas são algumas das observações da psicóloga Elizabeth Mendes Ribeiro da Rocha, especialista em qualidade de vida. Uma pesquisa que ouviu 20 mil funcionários da prefeitura da Capital, entre 2007 e 2008, apontou que 9% deles buscaram se afastar do centro para ter mais qualidade de vida - que de fato encontraram no novo endereço - mas, por outro lado, complicaram o deslocamento até o trabalho.
A especialista considera que as empresas estão "cegas" nesse sentido. Os gestores tratam o estresse laboral dentro do escritório, mas esquecem que aquilo que o trabalhador enfrenta no trajeto até a empresa também interfere na produtividade - e na saúde física e mental do trabalhador.
- Viemos de uma cultura empresarial em que o trabalhador se submete a qualquer tipo de situação, às vezes muito além do que ele poderia assumir, por medo de perder o emprego. É preciso que os gestores estejam atentos ao contexto atual e saibam compreender que a configuração atual das grandes cidades implica em mudanças nas condições de trabalho - comenta a psicóloga.
Não espere só pela engenharia
Projetos para melhorar a mobilidade urbana são anunciados a todo momento, mas eles demoram para sair do papel, seja pela falta de recursos, seja pelo tempo de execução. Para não enlouquecer enquanto espera pelas soluções da engenharia e evitar problemas de saúde que resultam da ansiedade e do estresse excessivos - fatores de risco para o desenvolvimenro de diversas doenças, principalmente cardíacas - a dica de Elizabeth é gerenciar melhor os próprios compromissos e evitar deslocamentos desnecessários.
- As pessoas precisam ser donas de suas agendas e aprender a dizer não. Muitos profissionais se expõem a situações de estresse no trânsito porque não querem perder clientes, marcam muitos compromissos em um curto intervalo de tempo e, conforme não conseguem cumprir os horários, começam a ficar ansiosos, estressados e doentes - explica Elizabeth.
Além de buscar o equilíbrio psíquico e se organizar, a especialista recomenda apostar em meios alternativos para se locomover na cidade: caronas, bicicleta ou mesmo percorrer um trecho do trajeto a pé.
- É importante não esperar pelo outro, mas sim tomar a iniciativa de fazer algo para mudar essa situação. A solidariedade pode ser uma saída para viver melhor - considera.
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Para não ficar doente
Psicóloga recomenda organizar a agenda e evitar deslocamentos desnecessários
Especialista dá dicas para não sofrer com ansiedade crônica e estresse excessivo no trânsito, enquanto projetos de mobilidade urbana não saem do papel
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