Ela age silenciosa no organismo, mas é uma doença extremamente perigosa. O diagnóstico de diabetes mellitus traz consigo duas a quatro vezes mais chances de problemas cardiovasculares, dobra a probabilidade de um acidente vascular cerebral (AVC), danifica o sistema de filtragem renal, pode prejudicar a retina e provocar cegueira e causar úlceras e lesões nos pés que podem resultar em amputações.
Enquanto o diabetes tipo 1 se caracteriza pela ausência de produção de insulina pelo organismo, o tipo 2 inicia com resistência e, com o tempo, passa também para a deficiência de insulina. O tipo 1 está ligado à genética. Já o tipo 2, tem nos hábitos alimentares errados e no sedentarismo causas que contribuem para o surgimento.
De acordo com o Ministério da Saúde, 9,7% da população acima de 35 anos é portadora de diabetes tipo 2. Mas como ele demora a apresentar sintomas, estima-se que 50% dos doentes não sabem que estão acometidos da doença.
- A doença cursa um quadro subclínico. Se a pessoa não medir a glicemia, não vai saber que está doente. Por isso, é importante manter esse controle - destaca o chefe de Endocrinologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Marcos Antônio Tambascia.
O diagnóstico fica comprovado se, em jejum, a quantidade de glicose no sangue for maior do que 126 miligramas por decilitro, por dois dias seguidos. Outra forma é uma medição da glicemia, a qualquer hora, superar o índice de 200 miligramas por decilitro.
Em alguns casos, a combinação de dieta e exercícios é suficiente para manter controladas as taxas de açúcar no sangue. Mas, na maioria, é necessário o uso de medicamentos. Tambascia alerta que outro fator é imprescindível para uma vida normal com a doença.
- A outra ferramenta é quem está dirigindo a carrocinha, o paciente. Ele precisa entender que é ele o responsável pelo sucesso do tratamento, comendo adequadamente, se exercitando e tomando a medicação todos os dias - alerta o endocrinologista.
Sintomas
Pessoas com níveis muito altos de glicose no sangue podem apresentar muita sede, vontade de urinar diversas vezes, perda de peso (mesmo sentindo mais fome e comendo mais do que o habitual), fome exagerada, visão embaçada, infecções repetidas, machucados que demoram a cicatrizar, fadiga (cansaço inexplicável), dores nas pernas e formigamento nos pés.
Novo remédio para facilitar o tratamento
Em outubro, durante o Congresso da Sociedade Brasileira de Diabetes, em Brasília, as empresas farmacêuticas Boehringer Ingelheim e Eli Lilly apresentaram um novo medicamento contra o diabetes tipo 2. É a linagliptina, com nome comercial Trayenta.
Como outros remédios, a linagliptina reduz os níveis de glicose no sangue sozinha ou em associações com outros medicamentos, dieta e exercício. A grande vantagem apresentada pelas empresas, porém, é que não há necessidade de ajuste de dose para qualquer grau de comprometimento nos rins.
O Trayenta (linagliptina) tem como principal via de excreção o intestino. Outros medicamentos, como a vidagliptina, a sitagliptina e a saxagliptina, são excretadas pelo rim. E esse órgão é um dos mais atingidos pela doença:
- A cada dois pacientes de diabetes do tipo 2, um tem doença renal. Então, como a lingliptina não é excretada pelo rim, ela não precisa sofrer alteração na dose quando o problema renal for diagnosticado - explicou a gerente médica da Boehringer, Thaís Melo.
Inicialmente, dentro do plano de descontos para aquisição, o Trayenta custará em torno de R$ 90, com 30 comprimidos de 5 miligramas. A recomendação é que seja tomada uma pílula por dia, sempre no mesmo horário, para que o paciente não se esqueça da medicação.
*O jornalista viajou a convite das empresas Boehringer Ingelheim e Eli Lilly.
Controle de glicemia
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Silenciosa, diabetes pode matar se não for tratada adequadamente
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