Os Jogos Olímpicos precisam ser entendidos muito além dos resultados. Neste primeiro sábado (24) de Olimpíada no horário de Tóquio, noite de sexta no Brasil, estreará a seleção brasileira de vôlei masculino, a mesma que já foi medalha de ouro três vezes e que parece ter melhorado em relação ao time no Rio em 2016.
O mais simples será torcer por uma vitória fácil contra a Tunísia e começar a projetar uma caminhada rumo a mais um pódio. O outro lado da análise desta equipe é humano, e precisa ser simbolizado num personagem: o técnico Renan Dal Zotto. Ele, mais do que ninguém, merece o ouro que bateu na trave quando foi um dos maiores jogadores da história nos anos de 1980. Craque dentro da quadra, excelente também fora dela, seja como gestor ou treinador.
Para Tóquio, este gaúcho ganhou uma missão dificílima e enfrentou um desafio gigantesco. Em ambos os casos, mostrou-se até agora eficiente como quem venceu os mais temíveis bloqueios com cortadas e saques poderosos e certeiros. Coube a Renan simplesmente substituir não um técnico, mas uma Era vitoriosa na seleção brasileira, chamada Bernardinho. A recente vitória do time na Liga das Nações é o sinal de que a tarefa está sendo bem cumprida.
O valor maior, porém, vem da conquista pessoal, derrotando de virada a covid-19 para poder estar com seus comandados no Japão. Só o fato de participar dos Jogos já é uma medalha de ouro mais do que merecida para Renan Dal Zotto. O resultado, o pódio, o título, neste caso, são acessórios.
O primeiro gaúcho
O técnico Renan e mais os jogadores Lucão, Fernando Cachopa e Thales são as presenças gaúchas na seleção masculina de vôlei em Tóquio 2020. Em 1964, também na capital japonesa, o Rio Grande do Sul teve seu primeiro representante nesta modalidade em Jogos Olímpicos. Marco Antônio Volpi fez parte de um time que tinha, entre outros, o ex-presidente do COB Carlos Arthur Nuzman.
Quatro anos depois, Volpi estava novamente numa Olimpíada, disputando os Jogos na Cidade do México. Junto com outros ex-atletas gaúchos, ele foi homenageado nesta sexta-feira pela prefeitura de Porto Alegre.
Aglomerados
Mesmo com os testes periódicos e medidas rígidas de quarentena para a comunidade olímpica, há riscos sendo corridos em Tóquio. Por parte do público, a aglomeração nas proximidades do Estádio Nacional antes da cerimônia de abertura estava longe de ser considerada um fato positivo. Entre os credenciados, o deslize fica por conta de alguns ônibus dedicados à mídia internacional, nos quais há lotação praticamente máxima e nenhum distanciamento.
Vazio olímpico
Era inevitável. As arquibancadas vazias e o desfile das delegações com participação minguada de atletas formaram um cenário pobre na abertura dos Jogos Olímpicos. O enxugamento foi uma necessidade que não merece críticas nem para quem radicalizou, como o Brasil e seus quatro representantes.
Por certo, as melhores lembranças destas Olimpíadas não estarão na cerimônia inaugural. Estamos diante de algo muito diferente do normal e que precisa ser avaliado com muita parcimônia.