Na última terça-feira (11), o futebol brasileiro festejou os 120 anos da Associação Atlética Ponte Preta. Com 12 décadas de existência, o clube de Campinas merece todas as homenagens, menos uma: a reverência como "clube de futebol mais antigo do Brasil". A não ser que em algum lugar do mundo exista um calendário no qual julho vem depois de agosto, quem foi fundado em 19 de julho de 1900 é mais velho do que quem foi criado no dia 13 de agosto do mesmo ano.
Pois é esta obviedade, negada até por parte da imprensa brasileira, que ainda sonega a maior antiguidade ao seu real detentor, o gaúcho Sport Club Rio Grande, ou Vovô, como é carinhosamente conhecido.
A polêmica nem deveria existir. A própria CBF, ainda nos tempos de CBD, criou em 1976 o "Dia Nacional do Futebol" e o motivo era exatamente o reconhecimento da data de fundação em 1900 do "primeiro clube de futebol do Brasil". Apesar de momentos de licenciamento e de parada da equipe nas competições, o Rio Grande nunca deixou de existir e segue suas atividades. Para efeito histórico também é bom lembrar que a agremiação tem até um título gaúcho, conquistado em 1936.
Os vinte e três dias que separaram lá em 1900 as fundações do Rio Grande e da Ponte Preta não parecem ser suficientes para os paulistas reconhecerem a maior antiguidade gaúcha. Aquela história da inverdade repetida muitas vezes acabar se aproximando de virar verdade é a mãe do que hoje tratamos por Fake News e parece ganhar força na questão envolvendo a discussão do mais antigo clube brasileiro. Contra fatos, certidões e atas de fundação não se pode lutar.
Dizer que Maradona foi melhor do que Pelé se tornou uma discussão incontrolável entre argentinos e o resto do mundo. Ela, porém, por mais absurda que seja, é algo subjetivo. Mentira deslavada seria dizer que Diego marcou mais gols do que o Rei. Aí há números catalogados a tirar todas as dúvidas. É fato. Assim é na disputa entre Ponte e Rio Grande. Se quisesse, o time paulista, que estava em Pelotas na última terça-feira (11), podia ter viajado 60 quilômetros para aprender direitinho a história e até conhecer a lenda (?) de uma maldição imposta pelos rio-grandinos para que os campineiros jamais fossem campeões.
Parabéns à Ponte Preta, clube de uma história riquíssima de acolhimento a todas as classes, de uma tradição maravilhosa, de um estádio "Majestoso". Viva a galera da Macaca, que é símbolo de fidelidade, mesmo que mais de um século seu clube não tenha vencido um Paulistão. Que bom que a Ponte existe e nos traz lembranças como daquela equipe maravilhosa que tinha Dicá, Oscar, Carlos, Polozzi e que ganhou simpatia brasileira ao disputar bravamente com o Corinthians o título estadual de 1977. É maravilhoso completar 120 anos, algo que no futebol brasileiro só o clube mais antigo, o Rio Grande, havia comemorado até a última terça-feira (11).