Teoricamente, nem seria necessário inventar nome e identidade própria para algo que se resume a um pressuposto basilar da democracia: todos devem cumprir a lei e quem desobedecer deve ser punido.
Pronto. Isso chega.
Compreendo que em 2014 era importante fazer um pouco mais de barulho, chamar mais a atenção. Começava de algo fenomenal e impensável até então no Brasil: cobrar dos poderosos a conta pelos seus desvios.
Mas se tudo o que a Lava-Jato representa depender de um nome, uma das partes mais importantes do esforço terá sido em vão: inverter de forma definitiva a lógica da impunidade e da promiscuidade entre poder público e grandes empresas.
Não vejo problema em acabar com a marca Lava-Jato, dando a ela o lugar de honra que merece na História do Brasil. Aliás, seria até bom, desde que a sua dinâmica fosse absorvida e naturalizada na vida da Nação. Tanto faz o nome ou a falta dele. Temos leis, agentes públicos que investigam e fiscalizam, promotores e procuradores que acusam, advogados e defensores que defendem. Temos juízes dispostos a fazer valer a Constituição e seus derivados. O nome disso? Democracia. Bem mais nobre, completo e significativo do que qualquer outra denominação.