
Estreia nesta quinta-feira (20) nos cinemas Branca de Neve (Snow White, 2025), de Marc Webb, a mais polêmica refilmagem da Disney para um de seus clássicos desenhos animados.
Esta é a 20ª versão com atores ou em estilo realista das animações desde Alice no País das Maravilhas (2010), que arrecadou US$ 1 bilhão e deu sinal verde para novas produções do estúdio. Outros três filmes tiveram renda bilionária: A Bela e a Fera (2017), Aladdin (2019) e O Rei Leão (2019), atualmente a décima maior bilheteria de todos os tempos, com US$ 1,66 bilhão.
As celeumas em torno de Branca de Neve foram tantas, que a Disney proibiu a presença dos veículos tradicionais de imprensa na sessão de lançamento realizada no dia 15, em Los Angeles. Somente alguns fotógrafos credenciados e membros do staff da empresa estiveram presentes na porta do El Capitan Theatre para registrar a passagem das atrizes Rachel Zegler, revelada no musical Amor, Sublime Amor (2021) e intérprete da personagem-título, e Gal Gadot, que faz a Rainha Má.
Entenda as polêmicas
Rejeição a Rachel Zegler

Rachel Zegler foi anunciada como a protagonista de Branca de Neve em junho de 2021. A atriz, de ascendência colombiana e polonesa, logo foi atacada por racistas que a consideravam "escura demais" para o papel da princesa que, no conto de fadas dos Irmãos Grimm, possui a pele "alva como a neve".
Em outro momento, Zegler também virou alvo dos fãs mais puristas da Disney por ter descrito a animação original como uma história "datada", em que o príncipe persegue a princesa. Para ela, a releitura deveria retratar uma jovem que não será salva pelo príncipe e nem sonha com o amor verdadeiro, mas sim em se tornar a líder que sabe ser.
Acusação de capacitismo e de exclusão

Capacitismo é a discriminação, violência ou atitude preconceituosa contra pessoas com deficiência. Peter Dinklage, ator com nanismo que ficou famoso como o Tyrion Lannister da série Game of Thrones, criticou a Disney antes mesmo de a refilmagem começar a ser produzida. Para Dinklage, a empresa deveria ter "pensar no que está fazendo", pois os sete amigos da princesa reforçam estereótipos ultrapassados e retratam pessoas com nanismo como figuras dóceis e submissas.
Em resposta, a Disney decidiu transformá-los em figuras mágicas e disse que trabalhou com “consultores da classe” para garantir uma abordagem mais sensível. As reclamações continuaram. Uns desaprovam a nova aparência do septeto, gerada por computação gráfica, outros criticam a decisão por ter retirado empregos de atores com nanismo.
Gal Gadot versus Rachel Zegler

A guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas acabou respingando no conto de fadas. Enquanto Rachel Zegler manifestou apoio à causa Free Palestine nas redes sociais, Gal Gadot é ex-integrante das forças de defesa de Israel e uma das maiores apoiadoras do Estado israelense em Hollywood.
Dois meses após o ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, Gadot organizou uma exibição de um filme produzido pelo exército israelense em Los Angeles. Em março de 2024, reforçou seu posicionamento em um discurso para a Liga Antidifamação:
— Nunca imaginei que nas ruas dos Estados Unidos e em cidades pelo mundo veríamos pessoas que não condenam o Hamas e ainda celebram, justificam e incentivam o massacre de judeus.
Às vésperas do lançamento de Branca de Neve, a imprensa passou a observar com lupa as interações entre as duas atrizes do filme. Ao apresentarem um prêmio no Oscar 2025, elas não se olharam, e o andar apressado de Zegler foi interpretado como impaciência.
Segundo fontes ouvidas pela revista People, as diferenças de idade (Zegler tem 23 anos, e Gadot, 39), personalidade e visão política teriam criado um distanciamento entre as duas atrizes. De acordo com uma das fontes, elas "não têm nada em comum", e isso teria dificultado a relação nos bastidores.
A trama de Branca de Neve
Dirigido por Marc Webb, o mesmo de (500) Dias com Ela (2009) e O Espetacular Homem-Aranha (2012), o filme tem roteiro de Erin Cressida Wilson, mas o script também passou pelas mãos de Greta Gerwig, de Barbie (2023), que não é creditada no resultado final. Consta que a refilmagem expande a história da princesa e seu embate contra a Rainha Má. As novas canções foram escritas pelos compositores Benj Pasek e Justin Paul, premiados com o Oscar (ao lado de Justin Hurwitz) por City of Stars, de La La Land: Cantando Estações (2016).
* Produção: Isadora Terra
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