Ainda Estou Aqui venceu mais uma etapa para o Brasil voltar a competir no Oscar de melhor filme internacional. Nesta terça-feira (17), o título dirigido por Walter Salles foi anunciado como um dos 15 semifinalistas da categoria. A Academia de Hollywood vai divulgar os cinco concorrentes no dia 17 de janeiro, e a 97ª cerimônia de premiação está marcada para 2 de março.
Entre os trunfos de Ainda Estou Aqui, está a conexão com o último filme nacional a disputar esse Oscar: Central do Brasil (1998), também vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim, do Globo de Ouro de longa estrangeiro e do Bafta de produção em língua não inglesa. Além de o diretor ser o mesmo, o elenco inclui uma participação especial de Fernanda Montenegro, que competiu na categoria de melhor atriz em 1999, e tem como protagonista a filha dela, Fernanda Torres. O tema dos anos de chumbo esteve presente na penúltima indicação brasileira, com O que É Isso, Companheiro?, em 1998, e no último filme que havia chegado na semifinal, O Ano em que meus Pais Saíram de Férias, em 2008.
Pesam a favor de Ainda Estou Aqui (I'm Still Here no título do mercado de língua inglesa) também as indicações no Globo de Ouro, concedido pela Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood — que também colocou Fernanda Torres na categoria de melhor atriz em drama —, e no Critics Choice Awards, dos críticos de rádio, TV e internet dos EUA e do Canadá.
Segundo as apostas do Hollywood Reporter e da Variety, a presença de Ainda Estou Aqui entre os cinco indicados ao Oscar de melhor filme internacional é garantida. Mas a concorrência para ganhar a cobiçada estatueta dourada é muito forte. A seguir, confira os 14 rivais do Brasil.
Os 15 semifinalistas do Oscar internacional
1) Ainda Estou Aqui (Brasil)
De Walter Salles. Após o desaparecimento do marido, o engenheiro civil e deputado federal cassado Rubens Paiva (papel de Selton Mello), durante a ditadura militar no Brasil, Eunice (Fernanda Torres) é obrigada a se reinventar e traçar um novo destino para si e seus cinco filhos. Segue em cartaz nos cinemas nacionais, onde já foi visto por mais de 2,7 milhões de espectadores.
2) Armand (Noruega)
De Halfdan Ullmann Tøndel. Após uma suposta briga entre dois meninos de seis anos, os pais e a equipe da escola são chamados para esclarecer o incidente. A protagonista é Renate Reinsve, estrela de A Pior Pessoa do Mundo, que representou a Noruega no Oscar internacional de 2022. Sem previsão de estreia no Brasil.
3) Como Ganhar Milhões Antes que a Avó Morra (Tailândia)
De Pat Boonnitipat. Diz a sinopse de Lahn Mah (em inglês, How to Make Millions Before Grandma Dies): um homem abandona o trabalho para cuidar da avó à beira da morte, motivado pela sua fortuna. Ele planeja conquistar a preferência dela antes que ela morra. Estreou nesta quinta-feira (19) no Cinesystem Bourbon Country e no GNC Moinhos.
4) Dahomey (Senegal)
De Mati Diop. O documentário da diretora francesa de origem senegalesa acompanha a devolução de 26 tesouros saqueados pela França do antigo reino de Daomé, hoje Benim: é motivo de júbilo ou de questionamentos? Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim, Dahomey também entrou na lista de semifinalistas dos longas documentais. Está disponível na plataforma MUBI.
5) Emilia Pérez (França)
De Jacques Audiard. Um dos mais renomados cineastas franceses (são dele O Profeta e Ferrugem e Osso) assina este empolgante musical sobre uma advogada (Zoe Saldana) que é contratada por um temido líder do narcotráfico mexicano (a atriz trans Karla Sofía Gascón) para forjar sua morte e ajudá-lo a ressurgir como a mulher que ele sempre sonhou ser. No Festival de Cannes, o filme mereceu o Prêmio do Júri e um troféu para o elenco: Saldana, Gascón, Selena Gomez e Adriana Paz. No Globo de Ouro, recebeu 10 indicações. No Oscar, também está entre os semifinalistas das categorias maquiagem e cabelos, som, música original e canção (El Mal e Mi Camino). A estreia no Brasil está prevista para 6 de fevereiro.
6) Flow (Letônia)
De Gints Zilbalodis. Esta animação sem diálogos — ou seja, sem a "barreira" das legendas para os estadunidenses — gira em torno de um gato que se junta a uma capivara, um lêmure, um pássaro e um cachorro depois que uma enchente destrói sua casa. Compete no Globo de Ouro e é semifinalista do Oscar de longas animados. Tem previsão de estrear no Brasil no dia 30 de janeiro.
7) From Ground Zero (Palestina)
É uma coleção de 22 curtas-metragens realizados em Gaza. Iniciado pelo diretor palestino Rashid Masharawi, o projeto nasceu para dar voz a 22 cineastas da região para contarem histórias não contadas da atual guerra com Israel. Sem previsão de estreia no Brasil.
8) A Garota da Agulha (Dinamarca)
De Magnus von Horn. O filme se passa em 1919, na Copenhague pós-Primeira Guerra Mundial, onde uma jovem trabalhadora (Vic Carmen Sonne) fica desempregada e grávida. Então, ela conhece Dagmar (Trine Dyrholm, de Rainha de Copas), que dirige uma agência de adoção clandestina. Também compete com Ainda Estou Aqui no Globo de Ouro. Deve ser lançado em breve pela MUBI.
9) Kneecap: Música e Liberdade (Irlanda)
De Rich Peppiat. Comédia autoficcional sobre um grupo de rap de Belfast. Pode ser alugado em Amazon Prime Video, Apple TV, Google Play e YouTube.
10) Santosh (Reino Unido)
De Sandhya Suri. Depois de vencer o Oscar internacional com um filme ambientado na Alemanha e falado em alemão, Zona de Interesse (2023), o Reino Unido pode voltar a competir com outro longa que não se passa no país nem adota o seu idioma como o principal. Com diálogos em hindi, a trama se passa na zona rural do norte da Índia, onde a atriz Shahana Goswami encarna uma viúva que herda o cargo de policial de seu falecido marido. Sem previsão de estreia no Brasil.
11) A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha)
De Mohammad Rasoulof. É o nome no Brasil para The Seed of the Sacred Fig, título em inglês de Daneh Anjeer Moghadas, filme do cineasta iraniano que fugiu de seu país depois de ter sido condenado a oito anos de prisão e açoitamento. Na corrida do Oscar, representa a Alemanha. Trata-se de um filmaço sobre um aspirante a juiz que luta contra a paranoia em meio à agitação política em Teerã, no contexto das mortes de jovens mulheres por não usarem (ou não usarem da forma considerada correta) o hijab, o véu que cobre a cabeça e o pescoço das muçulmanas. Quando sua arma desaparece, ele suspeita de sua esposa e de suas filhas. Levou o Prêmio Especial do Júri em Cannes, foi apontado como o melhor filme internacional nos EUA pela National Board of Review e concorre no Globo de Ouro de longa em língua não inglesa. Entre os críticos de Los Angeles, Rasoulof foi eleito o melhor diretor. Com distribuição pela Mares Filmes, estreia nos cinemas do Brasil no dia 9 de janeiro.
12) Touch (Islândia)
De Baltasar Kormákur. Consta que é uma história que se estende por várias décadas e continentes de forma não linear, para acompanhar a jornada de um homem em busca de seu primeiro amor, que desapareceu há 50 anos. Kormákur é o mesmo diretor da série policial Trapped, e da aventura pela savana africana A Fera. Sem previsão de estreia no Brasil.
13) Universal Language (Canadá)
De Matthew Rankin. Esta comédia dramática transpõe o Irã para Winnipeg e entrelaça vários episódios: crianças descobrem dinheiro congelado no gelo; um guia turístico a pé leva seus visitantes entediados a atrações decepcionantes; e um homem pede demissão e embarca em uma jornada para visitar sua avó afastada. Sem previsão de estreia no Brasil.
14) Vermiglio (Itália)
De Maura Delpero. Recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza. O filme é ambientado em 1944, na vila alpina chamada Vermiglio. A chegada de Pietro, um desertor, transforma a família do professor local. A Itália é a maior campeã do Oscar, com 14 conquistas. Sem previsão de estreia no Brasil.
15) Waves (República Tcheca)
De Jirí Mádl. É o nome em inglês de Vlny (em português, Ondas). Ambientado durante a Guerra Fria, retrata a luta de uma equipe de rádio da Tchecoslováquia contra a ocupação soviética em 1968.
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