Cada uma a seu modo, minhas filhas estão subindo pelas paredes. A caçula, a Aurora, quase que literalmente. Habituada aos sábados na Redenção, companheira de idas a pé até o supermercado e hábil em esticar a hora de voltar no pátio do colégio — com brincadeiras que incluem pega-pega e escaladas de postes ou de um barranco —, precisou arranjar maneiras de gastar a energia de seus seis anos. Já fizemos circuito de corrida pelo corredor, já pulamos corda, já jogamos bola de fogo na garagem. Mas as três atividades mais costumeiras são: plantar uma meia bananeira, com os pés encostados na parede; subir nas minhas pernas, como se eu fosse um jet ski, para caminharmos pela casa; e, sobretudo, um exercício abdominal que ela faz sozinha (graças a Deus!), o de se jogar de costas no sofá, a qualquer hora do dia e quantas vezes der na telha, não importa que a gente esteja tentando assistir ao Jornal Nacional ou a um episódio de Modern Family.
Em Família
Deixa as gurias sonharem
A falta que a rua e a escola fazem para minhas filhas
Ticiano Osório
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