É setembro, mês Farroupilha. É importante entendermos como esse sentimento foi despertado por aquele grupo de oito estudantes do Colégio Júlio de Castilhos. Tenho sempre comigo alguns livros que leio e releio, no intuito de entender por completo esse sentimento de povo gaúcho. Barbosa Lessa nos conta que a expressão “gaúcho” foi usada para definir o povo de fronteira, disputado entre espanhóis e portugueses, e o resultado de sua miscigenação com os índios, primeiros habitantes por aqui. Dessa mescla, nasceram homens e mulheres ligados ao campo, ao cavalo, à lida com o gado e com os anseios de liberdade. Hoje, o gentílico define o povo gaúcho, antes sul-rio-grandense, resultado de uma miscigenação ainda maior.
Há poucos dias estive em Erechim, que completa cem anos de fundação em 2018. Erechim significa, na língua indígena, Campo Pequeno. Habitada por caingangues e guaranis, recebeu bandeirantes paulistas e depois atraiu poloneses, alemães, judeus, e italianos. Não à toa, o município contava com estação ferroviária por onde chegaram pessoas em busca de uma vida melhor. A herança está na arquitetura, na culinária, na cultura e na fisionomia do povo. Cidade e campo se desenvolveram e fazem hoje dele o segundo município mais desenvolvido do Estado entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, segundo o Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese).
Hoje, portanto, gaúchos somos todos nós. Povo resultado de grande miscigenação, com uma cultura rica e diversa em cada canto desse mapa. Erechim é um exemplo desse mosaico. Eu sou filha de descendentes de alemão, português e índio. E tu?
Que em setembro possamos comemorar o mês de todos os gaúchos, de todas as descendências. E que esse entendimento histórico, como nos ensinaram Barbosa Lessa e Paixão Côrtes, possa abrir nossos olhos para o presente, para um mundo que clama por empatia e hospitalidade, marca da nossa gente.
Baita Lançamento
No cenário efervescente da música regional, chega ao mercado mais uma produção musical. Ângelo Franco lançou no último dia cinco o disco AA, gravado de voz e violão na companhia do instrumentista cruz-altense Arthur Bonilha. Falecido em 2015 em acidente de carro, Bonilha foi um prodígio do violão e nos deixou essa bela obra ao lado do amigo Ângelo Franco, provando que a arte é eterna.