A literatura, a pintura, as artes plásticas, o cinema, a dança, a fotografia, a música e a poesia. Diversas manifestações unidas formam um movimento artístico a partir de tendência ou estilo e de um objetivo comum seguido por um grupo de artistas. Sempre acreditei que o movimento cultural gaúcho precisa de referências além da música, da poesia e da dança. Apesar de ter começado basicamente a partir dessas manifestações, há outras expressões de arte. Assim, como na Semana da Arte Moderna e em outras iniciativas no mundo, consolida-se um estilo e temos a formação de uma expressão coletiva que retrata a identidade e o pensamento de um lugar, de uma gente.
Por isso, minha felicidade em ver, cada vez mais, o retrato gaúcho na pintura e na escultura. Neste mês de setembro, além das belas festas por todo o Estado, pelo Brasil e pelo mundo, destacando as tradições gaúchas, o Memorial do Rio Grande do Sul abre suas portas mais uma vez para a beleza da nossa terra.
O gabrielense Carlitto Bica apresenta Sem Fronteiras. O título da exposição que contempla 16 quadros não poderia ser melhor. Bica trouxe para as telas as referências da infância na região da Campanha, mescladas com viagens pelo mundo, como turista, curioso e Cavaleiro da Paz. Não à toa, o cavalo é um dos seus principais temas. Cores, formas e dimensões retratam o campeiro universal, característica do trabalho de Bicca. Em 2011, ele conquistou o prêmio nacional de artes plásticas com a obra Tango, concorrendo com 10 mil participantes. Na exposição é possível conferir, por exemplo, a obra Tropilha, pintada ao vivo em um encontro internacional de artistas de Posadas, na Argentina.
Herança do Pampa
Logo ao lado, os cavalos se materializam. Nosso querido autor do Troféu Origens, o escultor Caé Braga também expõe no Memorial a Herança do Pampa – a história do cavalo crioulo na arte. São 20 esculturas que retratam a lida, a expressão e a ligação do homem e do cavalo, tão particulares da vida no sul do Brasil. Apaixonado pelo tema, Caé também integra os Cavaleiros da Paz e expõe suas obras em bronze e terracota, além de cinco telas em técnica mista.
Caé é autodidata, criou seu primeiro atelier em 1977 e já expôs por todo o Rio Grande e pelo país. Em 2009, criou o Prêmio Máximo da ABCCC, com 17 peças exclusivas, e em 2014, participou da comemoração dos cem anos do Nascimento de Vasco Prado, com Centauros do Pampa. Paleteada, aparte, esbarrada e um cavalo atado ao palanque: algumas das cenas que ganham forma no talento de Caé. As exposições têm entrada franca no Memorial do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, e estão em exibição até o dia 14 de outubro. Beleza para encher os olhos e o coração!