É, meus caros, infelizmente não deu. Esse texto custou um pouco a sair porque nunca é fácil falar sobre fracassos. É difícil falar sobre como as coisas podem não dar certo, apesar de querermos e nos dedicarmos muito. Como sempre defendo aqui, a vida esportiva é, por muitas vezes, ingrata. E nem sempre as coisas saem como planejado.
Acredito que, ao longo desses meses, consegui transmitir, através dos meus textos, os altos e baixos que acontecem, as coisas que pensamos e sentimos ao longo do processo — e percebam que não são coisas exclusivas do atletismo, a maioria dos temas toca todo e qualquer atleta de alto rendimento.
Assimilar que não estarei em Paris se mostrou tão desafiador quanto a tentativa de fazer o índice olímpico. Em 2016, eu era muito jovem para pleitear uma vaga, em 2021 estive em Tóquio e, este ano, nosso planejamento era, com muito mais maturidade e experiência, transformar no ano da consagração, vislumbrando uma final olímpica. É triste que não consegui. Sempre que não atingimos um objetivo, nos perguntamos se valeu a pena, mas depois de muito refletir, tenho certeza de que o caminho trilhado não foi em vão. Como já escrevi anteriormente, o fracasso também faz parte da construção do sucesso.
2024 foi um ano difícil, como todo ano olímpico é, mas principalmente para nós, gaúchos, em função da enchente. Maio, que seria um mês em que estaríamos afinando e começaríamos a entrar em ritmo de competição, foi marcado por caos, aflição e pouco treino, por motivos óbvios.
Em junho, para tentar salvar a temporada, embarquei para São Paulo, em busca de tranquilidade para trabalhar e competir nas principais competições. E era uma aposta, não sabíamos como seria e, embora tenha feito treinos ótimos por lá, infelizmente não foi o suficiente. Lutamos e não deu.
E esse não é um texto me justificando, até porque não existe justificativa. Escrever aqui sempre me ajuda a clarear a mente, organizar minhas próprias ideias e isso é mais uma tentativa.
Aprendemos sempre muito mais nas derrotas, por mais doloroso que seja e de certa forma há um ponto positivo nisso. Quando retomar os treinamentos, sentarei com meu treinador para fazer uma avaliação e conseguirmos trabalhar em cima das coisas que não deram certo.
No momento, estou de férias e com energias voltadas para torcer e apoiar meus amigos e todos os atletas olímpicos que competirão em Paris.