Este ano, mais uma vez, a Rússia segue sem levar uma delegação oficial para os Jogos Olímpicos. Lembrando que, em 2016, um grande escândalo de doping por parte do comitê olímpico e do governo russo veio à tona, ocasionando, em 2019, no banimento do país de participar de todos os principais eventos esportivos por quatro anos.
Além disso, como já é de conhecimento de todos, a Rússia invadiu o território da Ucrânia em fevereiro de 2022 e, devido a isso, sofreu novas punições. Dessa vez, por parte do Comitê Olímpico Internacional (COI).
Em função das punições recebidas, apenas alguns poucos atletas da Rússia (e da Bielorrússia) participam dos Jogos de Paris — 32 estão listados no site oficial, mas 15 irão competir, como atletas independentes, pois até mesmo o comitê olímpico russo foi impedido de participar.
Como sempre defendo e, inclusive, defendi com uma coluna aqui, atletas não podem ser responsabilizados pelas ações de seus governos. É lógico que a Rússia precisa ser punida por ocasionar uma guerra, mas há formas mais efetivas, inclusive mais justas, de responsabilizar o país. Já não lhes é permitido o direito de ter o hino nacional tocado, uniformes oficiais do país utilizados ou a bandeira russa hasteada.
Na semana passada, tivemos um novo desdobramento, mais uma polêmica envolvendo a Rússia e o comitê olímpico francês: o veto de credenciais para jornalistas russos cobrirem os Jogos de Paris. Só para contextualizar, é extremamente normal para o comitê organizador vetar credenciais, mais de 4 mil credenciais foram rejeitadas para Paris.
Por volta de 100 jornalistas da Rússia foram barrados com a justificativa de evitar ataques cibernéticos e espionagem por parte de Moscou. Além disso, nesse último domingo (28), mais quatro jornalistas russos tiveram suas credenciais revogadas sem motivo aparente, o que inflamou ainda mais as tensões entre França e Rússia.
Me parece que esse tipo de decisão do comitê organizador fere o princípio de liberdade de imprensa, que nos últimos tempos tem sido tão amplamente debatido nas redes sociais e na política. Por mais que o governo russo tenha cometido crimes de guerra e tenha sido penalizado de diversas formas, punir os jornalistas russos não é uma atitude compreensível e ataca não somente a liberdade de imprensa, mas também um dos princípios básicos da Olimpíada: a união de todos os povos.