Atletas olímpicos são comumente chamados de sobre-humanos ou super humanos. E faz um pouco de sentido, afinal, são pouquíssimas pessoas no mundo que conseguem fazer o que eles fazem com tamanha perfeição. Acrobacias de tirar o fôlego, força descomunal, velocidade em pista ou sob a água comparável a meios de transporte, são o dia a dia dessas figuras que, principalmente uma vez a cada quatro anos, nos estupefazem com suas performances durantes os Jogos Olímpicos. Mas você já se perguntou qual é o segredo?
Já é sabido que o quanto esses atletas treinaram para que tivessem a capacidade de realizar tamanho desempenho é inimaginável para a grande maioria das pessoas. Incontáveis horas de trabalho, anos de dedicação, vitórias, derrotas, lesões, superação e tudo que permeia quem decide se tornar um atleta fazem parte dessa vida. Todos esses aspectos podem nos fazer pensar que eles (atletas) podem fazer qualquer coisa, mas não, e é aí que entra o segredo de todo e qualquer atleta: a especificidade.
A especificidade é um dos aspectos mais importantes do treinamento e é ela que faz um atleta se tornar extraordinário em seu esporte. Como não somos máquinas, o treinamento requer que renunciemos a vários movimentos, reforços musculares e valências "gerais" em prol de um treinamento direcionado para as habilidades requeridas daquele determinado esporte. Isso faz com que atletas muito bons em seus esportes tenham muita dificuldade em fazer outros.
Embora possa surpreender a muitos, atletas de alto rendimento fora de seus esportes são comparáveis a iniciantes e, em muitos casos, podem ser considerados tecnicamente inferiores a atletas amadores. Naturalmente, dependendo do esporte, algumas valências físicas podem se transferir e auxiliar, mas ainda assim é difícil.
Por mais atlético ou por mais fenomenal que um atleta seja em seu esporte, ele dificilmente conseguirá ser tão bem-sucedido em outro (falando em termos de alto rendimento, claro) devido à especificidade demandada pelos esportes. Não faltam exemplos ao longo da história, mas, talvez, um dos mais conhecidos seja o do jogador de basquete Michael Jordan, que se aposentou por um ano do seu esporte para jogar beisebol profissionalmente e, nesse um ano, não chegou a ter nem de perto o sucesso que teve nas quadras. Com isso, acabou voltando para o basquete.
Mais recentemente, o velocista Usain Bolt — amplamente reconhecido como maior atleta de todos os tempos no atletismo, tentou se aventurar no futebol profissional após se retirar do atletismo e igualmente não vingou.
Posso inclusive me utilizar como exemplo. Eu faço atletismo, um esporte me que praticamente todos os eventos têm deslocamento somente para frente, não existe muito deslocamento lateral ou diagonal no atletismo, treinamos nossos corpos ao máximo para nossas provas, repetimos os gestos até a exaustão, mas quase sempre em uma direção apenas.
Toda vez que eu invento de jogar futebol, por exemplo, por mais capacidade física que eu tenha, no dia seguinte parece que eu nunca pratiquei um esporte na minha vida, as partes do corpo que ficam doloridas são justamente as partes do corpo que eu não utilizo no treinamento. Ou seja, é como se eu fosse um sedentário praticando esporte, algo impensável de um atleta olímpico.
E da próxima vez que alguém perguntar qual é o segredo, você já tem a resposta.