
A estiagem que assola o Rio Grande do Sul mais uma vez vai provocar nova quebra na safra de soja do Rio Grande do Sul. De novo, o gado está sofrendo com a falta de água, menos de um ano depois do dilúvio que deixou boa parte do Estado submersa. Por que não se guarda a água da chuva? Por que só temos 4% das lavouras irrigadas?
Os números deveriam servir de alerta para os produtores de todos os tamanhos. Em 2022, ano da última grande estiagem, o PIB do Rio Grande do Sul caiu 5%. Em 2024, ano da enchente, subiu 4%, mais do que o brasileiro. A Assembleia Legislativa tem promovido iniciativas para convencer os produtores de que a irrigação é o caminho. Foi esse o foco do presidente Adolfo Brito (PP), em 2024. Na segunda-feira (10), na Expodireto, o deputado Rodrigo Zucco (Republicanos) lança uma Frente Parlamentar da Irrigação. Será que adianta? Não enquanto os produtores não se convencerem de que irrigação é investimento e não gasto.
A produtividade de uma lavoura irrigada pode ser o dobro de uma que depende da chuva – isso quando não se perde tudo na estiagem. Mesmo assim, os programas não decolam, os financiamentos oferecidos pelos bancos não têm a demanda esperada. Até quando?
Essas perguntas têm sido feitas com insistência pelo economista Aod Cunha, que foi secretário da Fazenda do Estado e não se conforma com as perdas recorrentes na agricultura e na pecuária.
— Não consigo aceitar que o Estado e o setor privado não tratem isso como é de fato: o maior problema econômico recorrente do Rio Grande do Sul — diz Aod, que sugere políticas públicas mais robustas de estímulo à irrigação e mudança na cultura empresarial de empurrar o investimento para um futuro que nunca chega.