
Preocupado com a demora na execução de obras federais no Rio Grande do Sul, o vice-governador Gabriel Souza passou a maior parte da manhã desta segunda-feira (31) no Ministério dos Transportes. Na agenda, três temas essenciais para o desenvolvimento e a integração do Estado aos países do Mercosul: a duplicação da BR-290 (lotes 1 e 2, que estão suspensos desde 2015), três pontes internacionais e ferrovias. A secretária de Planejamento, Danielle Calazans, acompanhou o périplo.
Gabriel conversou com o secretário executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, e saiu com esperança de que a duplicação do Lote 1, entre os quilômetros 112,3 e 142 (Eldorado do Sul e o Parque Eldorado) comece ainda neste semestre. Santoro disse que as duas empresas vencedoras da licitação, a Bolognesi Engenharia (lote 1) e a Toniolo Busnello (lote 2), desistiram do contrato.
No lote 1, a segunda colocada, que está capitalizada e é responsável por outras obras no Estado, incluindo a duplicação do lote 3, será chamada a assumir. A empresa já sinalizou que aceita. A ideia é começar pelos trechos que não alagaram na enchente e que podem ser duplicados de acordo com o projeto original. Para os trechos que alagaram, especialmente perto do entroncamento com a BR-116, será preciso fazer um contrato suplementar, já que a rodovia terá de ser mais elevada.
A duplicação do lote 2, entre os km 142 e 172,08, não começará tão cedo. Santoro informou que será preciso realizar uma nova licitação.
Três pontes internacionais
Na visita ao Ministério dos Transportes, Gabriel Souza apresentou a proposta do governo gaúcho de pagar o anteprojeto de três pontes internacionais que deverão ser construídas pelo governo federal, mas ainda não foram licitadas. São as ligações entre Porto Xavier e San Javier, Tiradentes do Sul e Puerto Soberbo e Itaqui-Alvear, todas na fronteira com a Argentina.
Santoro disse que a proposta gaúcha era bem-vinda. Gabriel pediu ao Ministério das Relações Exteriores para que assine um termo de cooperação com a Argentina, permitindo que os técnicos responsáveis pelo anteprojeto façam medições e estudo de solo do outro lado do rio Uruguai.
Ferrovias, a novela sem fim
Uma das principais missões de Gabriel em Brasília é tentar desembaraçar o imbróglio em que se transformaram as ferrovias gaúchas nos últimos anos, com o desinteresse da concessionária Rumo em investir. O vice-governador pediu ao secretário de Ferrovias, Leonardo Ribeiro, que a Rumo abra mão dos 46 quilômetros usados para turismo no Vale do Taquari. O trecho precisa ser restaurado — o governo federal calcula que são necessários R$ 150 milhões e a Rumo orçou em R$ 300 milhões.
A empresa sinalizou que não tem interesse em explorar esse trecho. O impasse está na execução das obras de reparação, incluindo o pilar avariado pela enchente e que terá de ser restaurado em Muçum. O governo gaúcho sugere que a Rumo faça o conserto e acerte as contas com o governo federal, já que tem débitos de outros contratos.
A empresa sinalizou que teria interesse em explorar o trecho Cruz-Alta Rio Grande, apenas. Mas apresentou estudos que o governo gaúcho considera subestimados em relação à movimentação de cargas. Na quarta-feira (2), em reunião do Conselho do Plano Rio Grande, será apresentado outro estudo, encomendado pela Portos RS, que mostra números bem diferentes. Santoro participará por videoconferência.
Ficou acertado que em 15 dias será realizada uma reunião com a Rumo para discutir a proposta de separar as ferrovias gaúchas e fazer novas concessões com empresas que, de fato, queiram explorar o transporte ferroviário no Estado.