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Deu a lógica. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por envolvimento na fracassada tentativa de golpe de Estado. Pela mesma lógica, a denúncia deverá ser aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
E por que essa é a lógica? Porque a investigação da Polícia Federal foi minuciosa e concluiu que houve, sim, uma tentativa de impedir a posse do presidente eleito em 2022. E que Bolsonaro teve participação ativa na tentativa de golpe que não se consumou porque os comandantes do Exército e da Aeronáutica não embarcaram na aventura.
O indiciamento de Bolsonaro e de outros envolvidos, com a posterior prisão do general Braga Netto, já indicava que o ex-presidente não escaparia da denúncia. Sem o consentimento dele, que não aceitava a derrota para o presidente Lula, não teria avançado a patuscada que tentou subverter o sentido do artigo 142 da Constituição.
Não foi apenas a minuta do golpe ou o plano de assassinar Lula, o ministro Alexandre de Moraes e o vice-presidente, Geraldo Alckmin. Houve o apoio às manifestações intermináveis nos quartéis, a queima de carros em Brasília, a tentativa de invasão da sede da Polícia Federal, o plano de explosão de um caminhão-tanque de combustível no Aeroporto de Brasília.
Tudo isso coroado pelo 8 de Janeiro, versão brasileira da invasão do Capitólio pelos celerados que não aceitavam a vitória de Joe Biden nos Estados Unidos. As imagens da depredação não mostram velhinhas de Bíblia na mão, mas vândalos imbuídos do espírito de destruição das instituições.
Bolsonaro será condenado? Provavelmente, sim. Quando? Não se sabe. O ex-presidente terá oportunidade de se defender, mas será difícil convencer os ministros do Supremo de que é inocente.