Tão logo terminaram os 18 meses de estabilidade aos servidores da Corsan, garantido no acordo coletivo firmado em meio ao processo de privatização da empresa, a Aegea começou as demissões. O Sindiágua diz que não tem o número exato, mas teriam sido desligados 230 trabalhadores entre terça (14) e quarta-feira (15), incluindo dirigentes e delegados sindicais, integrantes da Cipa e funcionários em período de pré-aposentadoria.
O presidente do Sindiágua-RS, Arilson Wünsch, informa que a entidade já está trabalhando junto com a assessoria jurídica para analisar o que ainda pode ser feito:
— Trabalhamos incansavelmente para que a privatização não acontecesse. Sabemos que a lógica da empresa privada é isso, demissão em massa dos trabalhadores em dois ou três meses depois do processo consolidado.
Wünsch diz que, graças à luta coletiva da categoria, o Sindiágua conseguiu estender a estabilidade por 18 meses, vitória considerada inédita tratando-se de privatizações no Brasil e com a possibilidade de conversão em indenização, caso assim o empregado optasse. O sindicato está orientando os trabalhadores que têm algum tipo de estabilidade para que não assinem o formulário de demissão.
A Corsan diz que “a redefinição do quadro de colaboradores é uma medida estratégica e natural dentro do processo de adequação ao novo modelo de gestão privada e de melhoria contínua do serviço à população”. Confirma que após 18 meses de estabilidade iniciou o movimento de ajustes necessários para garantir eficiência operacional e atender às metas de universalização do saneamento, previstas no marco legal do setor.
"Nos últimos 18 meses, cumprimos rigorosamente todos os compromissos firmados e utilizamos o período para capacitar equipes, mapear talentos, reestruturar processos e implementar novos sistemas e tecnologias. Agora, em uma fase natural de ajustes, a adequação do quadro está sendo realizada de forma responsável, em conformidade com a legislação, e incluindo benefícios adicionais aos trabalhadores, como extensão do plano de saúde, antecipação de valores da participação nos lucros, apoio psicológico e consultoria de carreira”, diz a empresa em nota.
A Corsan ressalta que a demissão de servidores antigos não significa redução de equipes, “mas uma renovação planejada, sempre pensando em ampliar a qualidade do atendimento ao consumidor”. De acordo com a empresa, já foram contratados 2 mil novos profissionais para funções estratégicas, com foco em áreas técnicas e operacionais, outras mil vagas serão preenchidas em um processo seletivo que está em andamento.
A nota termina dizendo que a Corsan reafirma o compromisso em liderar o futuro do saneamento no Rio Grande do Sul: “Seguiremos sempre alinhados aos princípios de transparência e respeito aos colaboradores em iniciativas que contribuam para o bem-estar e o desenvolvimento da comunidade gaúcha”.