Autora da lei municipal que instituiu a eleição direta para diretores de escolas em Porto Alegre, ao tempo em que era vereadora, a deputada federal Maria do Rosário (PT) decidiu lutar com unhas e dentes para derrubar a liminar obtida pelo prefeito Sebastião Melo, permitindo que sejam nomeadas pessoas de sua confiança para os cargos.
— Em uma eleição, mesmo quem perde, ganha responsabilidade — justifica Rosário, que disputou a eleição com Melo e perdeu no segundo turno.
A deputada disse à coluna que fará tudo o que estiver ao seu alcance para “mobilizar a cidade contra este ato autoritário”.
Rosário está marcando reuniões com entidades do Judiciário e promete não sossegar até que a eleição direta seja mantida. Ela não discorda de um processo de qualificação dos candidatos a diretor, como fez o Estado, mas não aceita a ideia de excluir a comunidade escolar da decisão sobre quem deve gerir a escola:
— É um grande retrocesso essa postura do prefeito. A educação possui Planos Decenais de Educação justamente para não ser refém dos gestores. Imagina nomeações de livre lavra do gestor? Fere transparência e cria outros interesses que não a escola. A participação é um direito constitucional no Brasil e visa cidadania e qualidade pedagógica. Nasceu justamente na Constituição pós-ditadura, porque as escolas foram muito atingidas naquele período.
Desconforto entre aliados
Aliados do prefeito Sebastião Melo não gostaram da forma como ele resolveu acabar com a eleição direta nas escolas, apelando para o Judiciário. Avaliam que foi um erro que poderá comprometer o início do ano letivo. Isso sem contar que legitima as ações da oposição, quando recorre ao Judiciário para resolver problemas que deveriam ser solucionados no campo da política.