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A derrota na terra do governador Eduardo Leite e da presidente do PSDB, Paula Mascarenhas, dividiu os tucanos a ponto de não haver perspectiva de anúncio de apoio a Fernando Marroni (PT) nem a Marciano Perondi (PL). Com Fernando Estima em terceiro lugar, os votos dos eleitores tucanos serão decisivos para o resultado no segundo turno, mas a tendência é os líderes abrirem seu voto pessoal, deixando os filiados liberados para apoiar quem desejarem.
Prefeita de Pelotas em segundo mandato, Paula defendeu na reunião do partido o voto em Marroni, mesmo reconhecendo as divergências históricas com o PT. Usou como argumento o fato de o ex-prefeito conhecer os problemas da cidade e ter experiência de gestão pública, coisa que Perondi não tem. Aos companheiros, Paula lembrou também que o candidato do PL está aliado ao “populismo de esquerda”, representado pelo ex-prefeito Anselmo Rodrigues, que foi do PDT e recentemente se filou ao PL.
Anselmo tentou ser candidato a prefeito, mas o PL entendeu que não teria chance no partido que se define como a nova direita, até por seu passado ligado ao trabalhismo. Por um acordo que envolveu até o prefeito de Bagé, Divaldo Lara, Anselmo concordou em sair de cena e indicar a filha, Adriane Rodrigues, como vice de Perondi.
O apoio a Marroni esbarra na resistência do deputado Daniel Trceziak, o Daniel da TV, que cultiva posições antipetistas e, na Câmara, alinhou-se aos colegas de direita.
Paula, na condição de presidente estadual do PSDB, disse aos integrantes do diretório que não quer impor sua vontade, mas que não vai se omitir. No início da próxima semana ela deverá abrir o voto para Marroni e expor seus motivos.
Um deles é a reciprocidade ao apoio que os líderes do PT deram a Eduardo Leite na eleição para governador, em 2022, quando ele foi para o segundo turno por uma vantagem ínfima sobre Edegar Pretto. A lógica da prefeita é a mesma: naquele momento, o PT entendeu que deveria passar por cima das divergências com o PSDB para evitar a vitória do candidato Onyx Lorenzoni. Os eleitores de Pretto votaram em massa no tucano e garantiram a vitória sobre Onyx, que chegou à frente no primeiro turno.
Leite ainda não se manifestou. A expectativa do PT é de que ele também abra o voto para Marroni, apesar de em Porto Alegre ter anunciado apoio ao prefeito Sebastião Melo. Na Capital, Leite alegou afinidade ideológica com Melo, destacou o fato de o MDB estar no seu governo e ser o partido do vice-governador Gabriel Souza, mas ressalvou que tem o maior respeito por Maria do Rosário e que, se ela for eleita, a relação será “republicana”.
Além da forma desrespeitosa como foi tratado por Bolsonaro e por outros líderes do PL, tucanos de linha social-democrata apontam como principal motivo para ele não apoiar Perondi o fato de o candidato ter se mudado recentemente para a cidade, não conhecer os problemas e carecer de experiência em gestão pública.
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