Delegado de carreira, o deputado Rodrigo Zucco (Republicanos) é mais um a se manifestar contra a interpretação da coluna de que sua sugestão de estender para outras categorias de servidores o reajuste de 9,5% oferecido pelo governo aos professores seria vender ilusões. Sem apoio de outros deputados conservadores, ele diz ter esperança de que Rodrigo Lorenzoni (PL) mude de ideia e se convença dos seus argumentos de que a proposta é economicamente viável.
— Não se trata de irresponsabilidade fiscal ou pessoal, muito antes pelo contrário. Como parlamentar tenho a convicção de que o tema reposição de perdas inflacionárias salariais é um direito sagrado que os servidores, assim como todos trabalhadores celetistas possuem.
Como fonte de financiamento, Zucco indica a inflação que faz a receita crescer mesmo quando a economia está estagnada. E justifica:
— Quando falamos de inflação, temos que considerar que a arrecadação do governo cresce tanto quanto, ou até mais, do que a inflação medida no período. Desta forma, a reposição da inflação aos salários, nada mais é do que acompanhar o desempenho da arrecadação do Estado.
Outra fonte de financiamento do reajuste seriam os R$ 3,1 bilhões da compensação das perdas pela redução do ICMS da gasolina, prometida pelo governo federal.
Zucco não sabe quanto a sua proposta custaria, apesar de o cálculo ser relativamente simples, já que o site da Transparência detalha os gastos com servidores e a sugestão é um reajuste linear. Ele explica o que considera a complexidade do cálculo:
— Quanto ao cálculo do impacto econômico financeiro, por conta da complexidade e sigilos envolvendo a folha de pagamento, para categorias específicas, com ativos e inativos, impostos e contribuições, o próprio Estado deverá trazer para os debates que vão envolver o tema.
Camozzato é contra ampliação do reajuste
Único deputado o Partido Novo na Assembleia, Felipe Camozzato discorda da sugestão do colega Rodrigo Zucco (Republicanos), de estender a outras categorias de servidores o reajuste de 9,5% oferecido ao magistério.
— Como liberal integrante da Frente Conservadora (ou liberal-conservadora), temos um alinhamento em torno dos temas da liberdade econômica, mas sou contra o reajuste para todas as categorias, por entender que é preciso responsabilidade fiscal. Usar receita extraordinária pra despesa corrente é a má prática que sempre nos prejudicou.
Camozzato avalia que a proposta do governo Eduardo Leite para os professores "já é generosa dentro das atuais possibilidades fiscais do Rio Grande do Sul”. E alerta:
— Se o aumento para os professores estiver, de alguma forma, condicionado à necessidade de reajuste do ICMS, isso deve ser tratado com mais transparência com o Parlamento, pois possivelmente me levaria a votar contrariamente, ou defender o reajuste apenas para as faixas que ficam abaixo do piso.
O eventual reajuste do ICMS da gasolina não deve passar pela Assembleia. Em princípio, será fixado por acordo entre os governadores e secretários de Fazenda, se o Supremo entender que gasolina não é um produto essencial.