O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Quem estava entusiasmado com a possibilidade de votação da reforma tributária nas próximas semanas levou um banho de água fria nesta segunda-feira (6) com o que disse o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Lira afirmou que o tema é a prioridade para o primeiro semestre no Congresso, mas demanda a solidificação da base aliada do governo Lula.
— Teremos um tempo para que o governo se estabilize internamente, porque hoje o governo ainda não tem uma base consistente, nem na Câmara e nem no Senado, para enfrentar matérias de maioria simples, quanto mais matérias de quórum constitucional — afirmou o deputado, em reunião do conselho da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Como a alteração no sistema de impostos demanda uma mudança na Constituição Federal, seria necessária a aprovação de três quintos da Câmara e de três quintos do Senado em dois turnos de votação.
Presente à reunião, o ex-governador Germano Rigotto (MDB), histórico militante da reforma tributária, mencionou os focos de resistência da reforma, como o setor de serviços, o agronegócio, os prefeitos de Capitais e alguns governadores, mas recomendou uma solução para reduzir a rejeição:
— Essas pressões são normais. Isso se resolve com uma boa transição, para que o novo sistema seja implementado em etapas.
Em resposta, Lira concordou, mas deu a entender que a missão não será simples:
— O que vamos buscar é diminuir as resistências, porque esse não é um tema de governo, é um tema de Brasil. E aquele plenário pulsa, todo mundo tem suas ligações, seus interesses e suas decisões.
Aos empresários que participavam do encontro, Lira também defendeu a criação do grupo de trabalho para analisar a reforma tributária, o que foi questionado por parlamentares que defendem a análise em comissão especial. Um dos focos das críticas é o de que, no GT nomeado por Lira, não há nenhuma mulher e nenhum deputado da região Sul do país.