Como se chegou a este ponto? A pergunta é a primeira que ocorre diante dos números divulgados pelo governo do Estado nesta quinta-feira (16), em seu plano de recuperação das escolas estaduais. São dados chocantes, que mostram o tamanho do desafio do governador Eduardo Leite para cumprir a promessa de recuperar as escolas com problemas. São 176 em situação crítica e quase 1,9 mil com o que os técnicos classificaram de “problemas intermediários”.
São tão poucas as escolas que não necessitam de algum tipo de intervenção - 99 em 2.311 analisadas - que seria interessante entender o que explica essas exceções. Porque é espantoso que somente 4,3% dos prédios não precisem de reparos. Seriam prédios mais novos ou já reformados? Ou seriam aqueles em que a comunidade fez reparos, atendendo ao apelo da direção? Ou, então, os que foram consertando os estragos aos poucos, antes que entrassem para a lista dos que estão em estado crítico?
Como explicar que 1.090 escolas tenham problemas de goteiras ou infiltrações? Que 970 tenham problemas de rede elétrica, o que as transformam em áreas de risco? Que 990 tenham deficiências estruturais? Que 810 precisem de consertos nos banheiros? O listão de problemas pode ser conferido na reportagem de Gabriel Jacobsen e Isabella Sander, mas desde já abre-se a janela para perguntas relativas ao futuro.
Reformadas as escolas, como se fará para que os problemas sejam resolvidos enquanto ainda são menores e uma intervenção maior só seja necessária em caso de temporal? Haverá, por parte das direções, campanhas de conscientização dos alunos para que respeitem o patrimônio que é de todos, em vez de pichar paredes, quebrar vidraças ou destruir banheiros?
A pergunta inicial desta coluna, sobre como se chegou a este ponto, retroage ao século passado para encontrar respostas. Sim, há problemas de mais de duas décadas. Começaram pequenos, mas, como não foram resolvidos, se agigantaram. E não foram resolvidos porque nos últimos 40 anos o Estado passou a maior parte do tempo no vermelho. Sem dinheiro para cobrir todos os gastos, sobraram as escolas e outros prédios públicos esperando por reforma.
Agora que se sabe quais são as escolas que sofrerão intervenção, as comunidades podem acompanhar o andamento das obras e se envolver numa espécie de pacto para que o Rio Grande do Sul se inspire no vizinho Uruguai. O que tem o Uruguai de tão diferente? Lá, as escolas são bem-cuidadas, seja nos centros urbanos, seja numa beira de estrada. Porque há consciência da importância da educação e da necessidade de uma boa estrutura para que o processo de aprendizagem se dê de forma satisfatória.
Aliás
Para cumprir a promessa de oferecer turno integral em pelo menos 50% das escolas de Ensino Médio, uma das suas mais ousadas promessas de campanha, Eduardo Leite terá pela frente outro desafio gigantesco. Mais do que estrutura física, serão necessários professores especializados.
Pimenta no RS
Está confirmada a visita do ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, na primeira reunião da Associação Gaúcha das Emissoras de Rádio e TV neste ano.
Será no dia 24 de fevereiro, pela manhã, em um dos lugares mais aprazíveis do Estado, o restaurante da Borrúsia, em Osório.
Esperança para o polo naval
A disposição do governo Lula em expandir o refino de petróleo e recuperar a indústria naval despertou expectativas positivas na região Sul do Estado, sobretudo em Rio Grande. O deputado federal Alexandre Lindenmeyer (PT) saiu animado de uma reunião de duas horas com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
O deputado ouviu de Prates que há disposição em qualificar a Refinaria Riograndense e fortalecer os estaleiros de Rio Grande e São José do Norte.
– Isso vai representar a geração de empregos de forma sequencial na região –comemora Lindenmeyer.