Os vereadores negros que exercem mandato na Câmara de Porto Alegre vão manter o protesto contra o Hino Rio-Grandense, contrariando o projeto de resolução aprovado pela Casa na quarta-feira (1º) que inclui entre os deveres dos parlamentares ficar em pé durante a execução do hino. Os integrantes da bancada negra apontam que há conotação racista no verso que diz que "povo que não tem virtude acaba por ser escravo".
A discussão sobre o assunto começou na cerimônia de posse da legislatura, em 1º de janeiro, quando os vereadores permaneceram sentados durante a execução do hino estadual. O ato incomodou a vereadora Mônica Leal (PP), que apresentou o projeto que obriga os vereadores a ficarem "em pé e em posição de respeito durante a execução do Hino Nacional Brasileiro e do Hino Rio-Grandense".
A proposta começou a tramitar em janeiro, mas chegou ao plenário apenas nesta quarta. Foi aprovada por 22 votos a 11.
Autora de um discurso ríspido contra a iniciativa de Mônica Leal, a vereadora Bruna Rodrigues (PCdoB) disse nesta quinta-feira (2) que o grupo avalia entrar na Justiça, para anular o projeto. Segundo ela, a aprovação da proposta representa uma manifestação do racismo estrutural presente na sociedade.
— Me obrigar a cantar o hino, negando minha identidade, é uma violação de um direito individual e coletivo — ressaltou.
Por sua vez, o vereador Matheus Gomes (PSOL) diz que a proposta é inconstitucional e tem caráter autoritário.
— É uma tentativa de interditar um debate que a sociedade gaúcha recém começou a fazer, sobre a necessidade de rever a simbologia racista na frase do hino —argumenta Gomes.
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