A pandemia obrigou os admiradores do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a celebrarem de forma virtual os 90 anos do homem que legou ao país o plano econômico que debelou a inflação desenfreada dos anos 1990. Uma transmissão pela internet, com homenagens de amigos, líderes políticos, artistas e intelectuais marcou o aniversário de um presidente que chegou ao Planalto graças ao sucesso de um plano de estabilidade econômica.
— Às vezes, eu penso que 90 anos é muita idade. Mas estar vivo ainda é a melhor solução. Muito obrigado a todos pela generosidade — disse o ex-presidente ao final da homenagem.
Quase duas décadas depois de deixar o poder, o sociólogo afável que chegou à presidência 10 anos depois de depois de ter perdido uma eleição para prefeito de São Paulo para o populista Jânio Quadros esbanja vitalidade e lucidez. Mantém-se ativo à frente da Fundação FHC, participa de articulações políticas e trabalha pela preservação de uma das maiores conquistas do povo brasileiro: a democracia.
Fernando Henrique não precisou morrer para ser reconhecido como um dos presidentes mais icônicos da história do Brasil. Foi na condição de ministro da Fazenda de Itamar Franco que ele coordenou a equipe vitoriosa na condução do Plano Real, driblando as desconfianças, depois de tantas tentativas fracassadas de debelar a inflação.
De certa forma, foi o presidente do acaso. Com o impeachment de Fernando Collor e a posse de Itamar, em 1992, virou ministro das Relações Exteriores, cargo para o qual parecia ter nascido, mas não demorou a ser chamado a comandar a economia, então a área mais complicada do governo.
Um ano antes da eleição de 1994, o nome de Fernando Henrique sequer era incluído nas pesquisas, que apontavam o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva como favorito, depois de ter perdido da eleição de 1989 para Collor. A candidatura nasceu em 1994 e ele venceu no primeiro turno. Embalado pelo real, com o Congresso na mão, conseguiu mudar a Constituição para permitir a reeleição. Surgiram denúncias de compra de votos, mas o assunto morreu e ele conquistou o segundo mandato também no primeiro turno, impondo uma segunda derrota a Lula.
Com erros e acertos, governou com elegância e respeito aos adversários. Seus oito anos de presidência blindaram o real e, mesmo tendo sido contra o plano, ao assumir o poder em 2003, o PT não ousou alterar os fundamentos da economia.
Hoje presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique tornou-se uma espécie de oráculo para os tucanos, que correm a seu apartamento na Rua Maranhão, em São Paulo, em busca de conselhos e de inspiração.
Foi nesse apartamento que, em novembro de 2017, FHC recebeu GZH para uma longa entrevista em que lamentou a falta de renovação na política e alertou para o risco de radicalização. Menos de um ano depois, em 20 de setembro de 2018, divulgou uma carta em que analisava ao cenário político, pregava a união dos moderados e dizia que ainda havia “tempo para deter a marcha da insensatez”.
Na celebração dos 90 anos, FHC disse que dar melhores condições de vida às pessoas é a sua grande preocupação e o que o motiva até hoje.
— Se não for capaz de entender o outro, você não entende nada.
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