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O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
A defesa entregue nesta segunda-feira (24) à Câmara Municipal, a lista de testemunhas indicadas e a entrevista que deu no final da tarde deixam claro que a última coisa que passa pela cabeça do prefeito Nelson Marchezan é a renúncia, especulação recorrente entre vereadores. Renúncia é uma palavra que não combina com a história nem com o jeito Marchezan de fazer política, ainda mais que isso significaria entregar a prefeitura ao vice, Gustavo Paim, pré-candidato pelo PP.
À coluna, o prefeito levantou a suspeita de que o objetivo de quem espalha boatos sobre a renúncia seja uma estratégia para tentar atrapalhar sua defesa no processo de impeachment. Nas entrelinhas, indicou outro motivo para os adversários falarem em abandonar o cargo: desmanchar aliança fechada com PSL e PL, que lhe dará, se conseguir ser candidato, um quarto do tempo da propaganda de rádio e TV.
Mesmo que não esteja no radar de Marchezan por questão de princípios, a renúncia seria inócua. Consultada, a diretoria-geral da Câmara estudou o assunto e concluiu que, depois de aberto o processo, o julgamento continuaria até o fim e o prefeito não estaria livre dos oito anos de inelegibilidade.
A estratégia de sobrevivência de Marchezan é convencer o presidente e o relator da Comissão Processante de que é inocente, para matar o processo antes de chegar ao plenário. Ao presidente Hamilton Sossmeier (PTB) e ao relator Alvoni Medina (Republicanos), Marchezan quer convencer de que o uso de recursos do Fundo Municipal de Saúde em publicidade é legal, autorizado pelos próprios vereadores quando aprovaram o orçamento, e adotado em outros municípios, Estados e até pelo governo federal.
Nessa linha, as testemunhas de defesa foram escolhidas a dedo. A lista vai do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, ao ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, passando por publicitários, secretários e ex-secretários de Saúde e de Comunicação das três esferas de governo. Fábio Wajngarten, secretário executivo do Ministério das Comunicações, é uma das testemunhas.
Não será fácil para os vereadores ouvirem todas as testemunhas em 45 dias, prazo citado pelo presidente da comissão para o julgamento, o que pode empurrar a decisão para depois da eleição. Marchezan interpreta a manifestação de Sossmeier como prejulgamento, já que o fez antes de receber a defesa.
Aliás
Caso identifique cerceamento de defesa no processo de impeachment, com atropelamento dos prazos ou desinteresse em ouvir todas as testemunhas, Marchezan irá até a última instância do Judiciário para tentar manter o mandato e o direito de concorrer à reeleição.
Rol de testemunhas arroladas por Marchezan:
- Eduardo Barbosa - deputado federal (PSDB-MG)
- Eduardo Pazuello - ministro interino da Saúde
- Carmen Zanotto - deputada federal (Cidadania-SC)
- Djedah Lisboa - ex-diretor no Ministério da Saúde
- Fernando Ritter - secretário da Saúde de Canoas
- João Gabbardo dos Reis - secretário executivo de combate ao coronavírus em SP
- Luiz Henrique Mandetta - ex-ministro da Saúde
- Pablo Sturmer - secretário municipal da Saúde
- Natan Katz - secretário municipal da Saúde adjunto
- Luiz Carlos Heinze - senador (PP-RS)
- Lucia Helena Callegari - promotora de Justiça
- Fabio Wajngarten - secretário-executivo do Ministério das Comunicações
- Alfredo Fedrizzi - jornalista
- Fábio Bernardi - publicitário
- Fernando Silveira - publicitário
- Kevin Krieger - ex-vereador e ex-secretário municipal
- Tarso Boelter - ex-diretor do DEP
- Orestes de Andrade Júnior - ex-secretário municipal de Comunicação
- Maurício Dziedricki - deputado federal (PTB-RS)
- Cléber Benvegnú - ex-secretário estadual de Comunicação e da Casa Civil
- José Fortunati - ex-prefeito (atualmente no PTB)
- Marta Rossi - empresária
- Caio Tomazeli - empresário
- Marcelo Álvaro Antônio - ministro do Turismo
- Carlos Eduardo Silveira - procurador-geral do município
- Ricardo Gomes - vereador (DEM)
- Rodrigo Lorenzoni - secretário estadual do Turismo
- Henry Chmelnitsky - presidente do Sindha
- Samuel Moreira - deputado federal (PSDB - SP)
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