Com o acordo que permitirá aos militantes de movimentos sociais acamparem no Anfiteatro Pôr do Sol entre os dias 22 e 24 de janeiro, o esquema de segurança montado para o julgamento do recurso do ex-presidente Lula enfrentará o primeiro teste na manhã de segunda-feira. Como o compromisso do Gabinete de Segurança Integrada é garantir a integridade dos manifestantes dos dois lados e da população em geral, sem prejudicar o direito de ir e vir, o teste se dará na ponte móvel do Guaíba.
A Via Campesina anunciou que 2,5 mil pessoas se concentrarão em frente ao antigo posto da Receita Estadual, na BR-116, a poucos metros da ponte, às 6h15min. De lá, o grupo marchará até o anfiteatro, na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, onde será montado o acampamento da Frente Brasil Popular. São 7,6 quilômetros, em um horário de intenso movimento, passando por quatro avenidas: Legalidade, Mauá, Presidente João Goulart e Edvaldo Pereira Paiva (Beira-Rio).
A autorização para o acampamento, anunciada nesta sexta-feira pelo Ministério Público Federal, é resultado de uma negociação costurada no Gabinete de Gestão Integrada, que reúne órgãos federais, estaduais e municipais. A manifestação prevista para o dia 24 ocorrerá na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, entre o Anfiteatro Pôr do Sol e a Rótula das Cuias.
No início, a prefeitura de Porto Alegre queria que os manifestantes acampassem no Porto Seco, a 15 quilômetros da sede do TRF4. As outras opções eram ainda mais distantes: o Parque Saint Hilaire (16km) e o Parque Assis Brasil, em Esteio (24km). Consultado, o secretário da Segurança, Cezar Schirmer, concordou com a sugestão do MPF de autorizar o acampamento no Pôr do Sol, mediante alguns compromissos firmados em acordo extrajudicial. Os manifestantes se comprometeram, por exemplo, a não entrar no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, que estará isolado nos dias 23 e 24.
A divulgação do acordo pelo MPF, menos de uma hora depois de assinado e sem consulta aos representantes dos outros órgãos, causou estremecimento no chamado Gabinete de Crise. O combinado era que nenhuma instituição tomaria atitudes isoladas.
No final da tarde de sexta-feira, a Secretaria da Segurança divulgou nota detalhando o acordo que envolve a Brigada Militar, a prefeitura, o Ministério Público Federal e os “Movimentos Sociais pela Frente Brasil Popular”.
Aliás
Cartilha elaborada pela organização das manifestações recomenda que, se algum mascarado aparecer e não quiser mostrar o rosto, a polícia seja acionada. A preocupação é evitar que infiltrados promovam atos de vandalismo, prejudicando a imagem dos que defendem atos pacíficos.
Uso de imagem
Integrantes do PDT não gostaram do uso da imagem de Leonel Brizola em páginas de apoio a Lula no Facebook. Pedetistas avaliam que a vinculação da rede da legalidade com o julgamento do ex-presidente é oportunismo.